segunda-feira, 22 de setembro de 2008

David Lynch, o cineasta dos sonhos e das ironias

David Lynch e o bom texto de Humberto Pereira.


Lisandro Nogueira

Exibimos no Cine Lumiére, em 2003, Cidade dos Sonhos (foto), filme de David Lynch . Ele participou de uma pequena mostra. Em seguida, entrou em cartaz (julho de 2003). Permaneceu até novembro daquele ano. Como explicar essa permanência? Como um filme "difícil" e "não-linear" conquistou o público goianiense de forma magnífica?. Nos anos 80 aconteceu o mesmo com Buñuel. Todas as mostras com filmes do cineasta espanhol, lotavam as salas do lendário Cineclube Antônio das Mortes. Contribuímos com a formação do público cinéfilo goiano exibindo cineastas e cinemas "complicados" e "cults": Joris Ivens, Glauber Rocha, os primeiros filmes de Wim Wenders, vários ciclos do Expressionismo alemão, o realismo poético francês e o controvertido e criativo Jean-Luc Godard.


O que é um bom filme? Esses cinemas respondem problematizando o próprio cinema. Eles pedem um distanciamento ( ao contrário do filme clássico que nos puxa para "dentro da tela") no sentido de aprimorar o olhar e qualificar a emoção - que não deve ser pautada por um simples "beijo de novela". Por exemplo, um filme como Ao entardecer (em cartaz em Goiânia) nos coloca "dentro da tela", aprisionando-nos imediatamente e fazendo com que as nossas emoções sejam reguladas por um sentimentalismo superficial. Por outro lado, podemos citar também outros cineastas "lineares" que fazem filmes instigantes sem o tom superficial: Fassbinder (Afinal, uma mulher de negócios), Mike Leigh (Segredos e Mentiras e o Segredo de Vera Drake) e Martin Scorsese (Os imperdoáveis).

Desta forma, David Lynch não foi surpresa para nós e tampouco Lars Von Triers com Dogville - ficou três meses em cartaz.

Humberto Pereira da Silva escreveu um texto (click na palavra "texto para ter acesso) muito bom sobre Lynch.

8 Comentários

Marcelo Nogueira Dutra disse...

Agora sim, acho que entendi a diferença entre cinema de arte e de entretenimento. O cinema de arte não se prende a forma nem conteúdo, ou em nada, em detrimento ao entretenimento.

Lisandro Nogueira disse...

Marcelo,
você simplificou. Sim, o "cinema de arte" se prende a forma e ao conteúdo. Mas ele problematiza a forma e questiona o ilusionismo do cinema clássico. Uma boa dica: o texto "Cinema, revelação e engano", de Ismail Xavier (O olhar e a cena, ed. Cosac & Naify - 2003).

Marco A. Vigario disse...

Lisandro, só não compreendo muito bem esse lance de "qualificar a emoção". Não sei como um sentimento pode ser melhor do que outro. Será que não somos simplesmente diferentes, com sensibilidades diferentes?

Lisandro Nogueira disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Lisandro Nogueira disse...

Marco Aurélio:
M. Aurelio, os filmes melodramáticos são feitos para fazer aflorar automaticamente a nossa emoção. Obviamente existem melodramas e melodramas. Mas em geral, em razão da comunicação rápida, eficiente (luz, textos q. tocam apressadamente nosso coração)e dos bons aotres, eles nos induzem a emoções ligeiras, fugazes. Como estamos sempre com os nervos a flor da pele, temos a tendência a cair no choro com qualquer "beijo de novela". Podemos chorar com intensidade vendo um filme do Bergman (Persona, por exemplo), ou então com sequências belíssimas de Wim Wenders. Sabemos os motivos pelos quais choramos vendo um filme. Mas devemos "qualificar" esse choro. Vamos conversando...

Marco A. Vigario disse...

Os imperdoáveis não é do Clint não?

Lisandro Nogueira disse...

Marco Aurélio,
Você tem razão: é do Clint, sim.

Anônimo disse...

Lisandro, como se qualifica o choro tanto no cinema de arte quanto no cinema mais "popular"(blockbusters, por exemplo)?

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