Sem panfletagem ideológica, MILAGRE EM SANTA ANNA, de Spike Lee, foge do clichê maniqueísta ao apresentar a repressão nazista no relato de quatro soldados negros dos EUA em batalha na Toscana, em 1944.
Baseado no romance homônimo de James McBride, que também se encarregou do roteiro, o longa-metragem, cuja violência lembra por momentos a primeira meia hora do RESGATE DO SOLDADO RYAN ressalta a camaradagem e tensões entre eles e o racismo intenso que enfrentavam em seu país e por parte de seus comandantes brancos. Numa cena, por exemplo, os heróis negros são obrigados a procurar a entrada dos fundos de um bar do Louisiana, enquanto prisioneiros de guerra nazistas tomam sorvete no interior do estabelecimento.
Lee conta uma página inédita da Segunda Guerra Mundial, partindo de um dramático homicídio que reúne, nos anos 80, dois protagonistas da guerra de 40 anos antes. A memória de um deles, Hector Negron, serve de guia ao expectador, que o acompanha à Toscana, entre os tais soldados negros.
O filme busca contar “uma outra América” e “uma outra história da guerra na Itália”, a partir das escolhas da trilha sonora, que contraria a tradição do cinema bélico, e reinventa o realismo nas cenas de batalha. Em um filme repleto de nomes praticamente desconhecidos para o grande público, se destacam os quatro protagonistas, vividos por Derek Luke, Michael Ealy, Laz Alonso e Omar Benson Miller, um “gigante de chocolate” para Angelo, a criança que ele salva.
A relação estabelecida entre Sam (o personagem de Miller) e Angelo (encarnado por Matteo Sciabordi) é um dos pontos de maior destaque no filme, da mesma forma que as cenas que acontecem na casa do fascista Ludovico (Omero Antonutti), que lembram clássicos como LADRÕES DE BICICLETA e ROMA, CIDADE ABERTA. Spike Lee, em MILAGRE EM SANTA ANNA invoca neo-realismo italiano e lhe dá um toque afro-americano.
* do blog Spoiler
2 Comentários
Professor,
Desculpe-me o "off-topic", mas o senhor já viu o site do Sócio Tigrão? http://www.sociotigrao.com.br/
Abraço
Tudo de bom e de bem em Goiás Velho
Hey, Lisandro! Muito obrigado pela visita. E fiquei honrado pelo comentário. Assisto toda sexta feira o jornal só pra ver seus comentários. As vezes, concordo. A maioria das vezes, não.
Mas, cinema é isso. Vida longa à sétima arte!
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