Inácio Araújo*
Do título “Mulher Invisível” o que conta é o segundo termo.Com bastante esforço cheguei a uns 40 minutos de filme e me mandei, pensando na frase antológica do Jairo Ferreira: já perdi o meu dinheiro, não vou perder meu tempo.Com 5 minutos já havia uns 30 lugares comuns em circulação.
Depois entra a Luana Piovani.Aí serviu para lembrar um velho anúncio de lâmina de barbear.Entrava uma loira platinada tipo “sedutora de terceiro grau” (ou primeiro, não lembro), como dizia Anna Karina em “Alphaville” e dizia:
“Eu sou a platina de Platinum Plus.
Experimente minha suavidade.
E depois deixe-me se for capaz.”
Bem, o filme parece acreditar que essa história de “sedutora de terceiro grau” era a sério, que o mundo é assim mesmo, um clichê. Ou acredita que Luana Piovani é isso. Ela é dada como pessoa de mau humor. Vendo o filme eu acho que compreendo.
Parece que a gente está vendo um anúncio de sabornete, só que não dura 30 segundos. Não acaba nunca.
Não vi um plano sequer inspirado. Não tem ritmo. O roteiro é escolar. Na maior parte do tempo parece que a câmera está na distância errada.
Tudo isso aceita-se. O que me embrulha o estômago é que esses filmes argentários parecem feitos como uma fórmula para ganhar dinheiro.
Não há nenhum sinal de que, antes de tudo, alguém pense: eu gostaria de elevar, por pouco que seja, os espectadores deste filme.
Ao contrário: parece que a intenção é rebaixá-los, desconsiderá-los. Como se dissessem: o que importa é botar as pessoas na sala, não vale a pena fazer nada melhor.
Isso é triste de ver no cinema brasileiro, porque é pior que a TV.
Na TV, com toda a limitação de um veículo de massa, pelo menos na Globo, pelo menos na Globo do tempo em que não havia concorrência, parecia haver a preocupação de dar o melhor possível para as pessoas.
Então, não dá nem para dizer “isso é televisão”.
Melhor dizer: isso não é nem televisão.
A Conspiração se supera.
* Inácio é crítico da FolhaSP (texto do blog do Inácio).
12 Comentários
Pessoal,
como co-editor do blog, posso afirmar que o Inácio foi muito duro com o filme. O que acham da postura dele em não ver nada de bom? O Lisandro pediu para postar o texto do Inácio e aí está. Mas acho que ele foi embora cedo e não viu tudo. O filme é fraco mas têm coisas legais.
vou resumir: uma merda imensa!
uma ou outra coisa me fizeram rir (sou de riso fácil) do início para o meio. mas daí pra frente eu só falava - passou da hora de acabar.
fiquei até o fim. me arrependi.
Aron
também achei o filme fraco.
sim, tiveram cenas engraçadas, mas um humor comum e nem um pouco refinado.
o filme perdeu o rumo do meio pro fim.
podia ter acabado aos 40 min.
Giovanna Beltrão
Assim como o Inácio, eu fiquei um pouco incomodada em relação a câmera. Em muitos momentos achei que a cena estava meio esquisita, que não estava 'encaixando' muito bem.
Há alguns anos tive a oportunidade de conhecer um comediante e ele me falou uma frase que segundo ele era uma regra para os que trabalhavam no ramo: "As pessoas riem quando se identificam com a própria desgraça". (Perdão pela palavra, mas foi assim que ele disse).
Acho que o filme tem alguns momentos que provavelmente muitos brasileiros se identificam e, por isso, saem com a impressão de que o filme é muito engraçado.
No meu caso, assisti o filme todo, ri bastante e... SÓ! Infelizmente não passa disso, algumas cenas engraçadas que se uniram e formaram um filme sem algo a acrescentar para as pessoas, para o mundo, para o cinema...
Apesar de tudo, ao meu ver não deixa de ser um avanço. Há algum tempo era raro filmes nacionais, atualmente praticamente todo mês tem um estreando. Quem sabe assim passamos de um avanço em quantidade para um de qualidade?
vixe!!!
Caramba, o Inácio está "mordido" nesse texto, rs.
O filme "Quero ser o milionário' já era o ABACAXI do ano. Mas o o medo da ruindade perdeu o medo de ser tão ruim: "Mullher invisível" é o pior filme do ano.
Por favor, professor, tente trazer "Sinedoque, Nova York" e o filme de S. Lee.
ps: o auxiliar do blog, o Pedro, é um jovem "abusado" e irreverente. gosto do jeito dele apesar dele não gostar de velhos.
Senhores e moças,
Devemos prestar atenção no comentário da Vivian Rodrigues. Ela vê além do Inácio. Como artista, sou mímico, observo que mesmo no espetáculo mais precário existe alguma arte.
E não acho que "Quem quer ser um milionário" seja um abacaxi...
Olá Milordi,
Você tem razão: o texto da Vivian é precioso ao apontar "algum sentido" no filme. Ainda não o vi mas depois de todos esses comentários fiquei estimulado.
E mais: você me emocionou com a frase: "...mesmo no espetáculo mais precário existe alguma arte".
ok, é verdade: em todo espetáculo há alguma arte... mas isso não justifica porcarias.
até dentro da proposta de um filme pra vender pipoca, como esse ai, é possível ir muito mais longe. ser um blockbuster nunca significou chamar o espectador de idiota, muito longe disso aliás.
Aron
Fui ver "Mulher invisível". Não sou tão radical quanto o Inácio. Mas o filme é muito frágil: Selton atua sem disposição, diálogos precários, não tem encadeamento de imagens interessante, a história não empolga e a direção é perfeitamente "televisiva" - enquadramentos para realçar rosto e corpo dos atores. A Luana Piovani realmente não é do ramo da interpretação: bonita e sem estilo.
BRINCADEIRA NÉ, como confiar em uma avaliação de um sujeito que vê apenas 40 minutos de um filme. É no mínimo amadorismo por parte de quem escreve algo nesse sentido. Não devia nem ser publicado no blog.
Alfinetadas à parte, concordo com todos, o filme é realmente fraco, contudo, faço das palavras da Vivian Rodrigues as minhs "assisti o filme todo, ri bastante e... SÓ! Infelizmente não passa disso".
Críticar é fácil, desde que respeite ao menos o bom senso de ver o filme todo para tecer algum tipo de comentário.
Abraço a todos e bom mês de julho!!!
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