sábado, 20 de junho de 2009

O corpo no cinema

Maria Rita Kehl e Ismail Xavier debatem o Corpo no cinema

Lisandro Nogueira

Hoje, 17:30h, na casa de Cora Coralina, uma das mesas mais esperadas do FICA. Ismail e Maria Rita falam sobre o corpo, a palavra e a memória no cinema brasileiro contemporâneo.

Um dos maiores acertos do FICA-2009 é a realização das mesas de cinema no quinta da casa de Cora. Ontem, sexta-feira, Olgária Matos falou sobre Filosofia e Meio Ambiente. Enquanto ela falava pássaros, galos e os sinos das igrejas saudavam o final de tarde de muito pensamento e beleza.

Abaixo uma entrevista com Ismail Xavier sobre a mesa, publicada hoje no jornal O Popular:

ENTREVISTA/ISMAIL XAVIER
‘Estamos todos em cena’

Lisandro Nogueira
Especial para O POPULAR

Ismail Xavier, professor de Cinema da USP e autor de diversos livros, e a psicanalista Maria Rita Kehl realizam hoje uma das mesas mais esperadas do Fica: Corpo, Palavra e Memória do Cinema Brasileiro Contemporâneo. Ismail Xavier falou ao POPULAR sobre o tema.

Qual o interesse de vocês em debater o tema do corpo no cinema?
Eu e Maria Rita Kehl observamos a recorrência do uso da voz off (que se sobrepõe às imagens) no cinema contemporâneo. Ela está desligada de um corpo e flutua sobre as imagens, ao narrar o passado. Também há a recorrência de um trabalho com os atores em que o corpo emerge como uma condensação de significados. No cinema contemporâneo, um novo estatuto vem sendo dado ao corpo e à performance na composição do drama. Há filmes que se aproximam das experiências em curso no teatro; há os que exploram o que a crítica chama de novo realismo corpóreo, no qual a longa duração do plano e a descrição das ações em tempo real destaca a questão dos gestos e das fisionomias na produção de sentido.

O corpo é cada vez mais explorado no mundo real e nas ficções?
Exatamente. Há uma carência da discussão do problema apesar da sua centralidade no cinema, notadamente no momento em que a performance, o uso do corpo nas expressões artísticas, é intenso. Vem ganhando força a ideia de que o corpo é tão importante assim como as estruturas narrativas e dramáticas.

Michael Foucault é um dos estudiosos do corpo. Quais são seus significados no mundo contemporâneo?
Tanto na linha de Foucault como no campo da psicanálise há a criação de um repertório conceitual que permite abordar essa questão dentro das relações sociais. O corpo é um dos vetores da construção do fetiche na sociedade de consumo. Mas, há todo um enfrentamento disso por parte dos artistas que, numa perspectiva oposicional, produzem experiências que nos levam a interrogações fundamentais para pensar a cultura e a política no mundo contemporâneo. Hoje estamos todos em cena.

MESA REDONDA:
Corpo, Palavra e Memória do Cinema Brasileiro Contemporâneo, com Ismail Xavier e Maria Rita Kehl
Data: Hoje, às 17h30
Local: Casa de Cora Coralina, cidade de Goiás


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