ESPAÇO LIVRE
* Espaço aberto para comentários, análises, debates:
1. Festival Perro Loco começa na próxima terça-feira (confira programação: www.perroloco.com.br);
2. O blog lança uma pergunta sugerida pelo Pedro Vinitz: Você gosta de ver fil style="font-style: italic;">mes brasileiros? Quais os motivos para o cinema nacional sequer angariar 10% da bilheteria? (na França esse percentual chega a 52%);
23 Comentários
Pessoal,
Fico intrigado e sugeri essa questão sobre o cinema brasileiro. Os filmes estão sendo produzidos aos montes e mesmo assim não temos um "grande público". Quais os motivos?
Comparar a porcentagem brasileira com a porcentagem francesa é golpe baixo. O cinema nasceu na França. Eles têm muito mais tradição nessa área do que o nosso país, sem contar também que a França tem uma política de proteção cultural que é difícil de ser ver em outros lugares. Todo mundo sabe que se você estiver passeando por Paris e, não sabendo falar o idioma, faz uma pergunta em inglês, o parisiense vai te responder em francês. Eles não gostam de 'invasões culturais alheias' em seu próprio território. Além disso, a produção cinematográfica deles é gigantesca.
Nós aqui no Brasil temos mais tradição em televisão do que em cinema. Talvez por isso a maioria dos filmes lançados aqui quase sempre se parecem mais com uma série da TV Globo (não é à toa que a produtora se chama 'Globo Filmes') do que com um filme propriamente dito.
Claro que há/houve exceções: Glauber Rocha, Júlio Bressane, Nelson Pereira do Santos, Sganzerla, Heitor Dhalia, etc. Mas esses diretores considerados 'bons' não agradam a maioria da população, que prefere a TV. Mas acho que a nossa indústria cinematográfica está cada vez mais apostando e produzindo filmes que tem sucesso de bilheteria garantido. Daqui a alguns anos os 10% do cinema nacional aumenta (o que não significa que a qualidade acompanhe esse crescimento).
Raisa, não vejo assim. O problema do cinema brasileiro são sempre os mesmos: filme fracos em termos de roteiro, filmes que já nascem pagos com o dinheiro público e arrogância de cineastas burocratas. Claro que há bons filmes e o passado demonstra isso. Hoje o cinema nacional, apesar da grande produção, continua com pouca criatividade.
A terceira edição do Festival de Cinema Universitário Latino-Americano começa no dia 25 de agosto, no Campus II da UFG.
O filme “Memórias do Subdesenvolvimento”, dirigido por Tómas Gutiérrez Alea (Cuba, Documentário, 97 min, 1968) será o primeiro a ser exibido, às 15 horas, no CINE UFG.
Às 17 horas, o Bloco Sinhô Mascarado realizará um cortejo pelo Campus II. O Sinhô Mascarado foca sua proposta na interação do regional e do contemporâneo. Em suas apresentações, há a mistura de música, teatro, dança, contos e folclore.
No CINE UFG, onde todos os filmes serão projetados, também ocorre a Solenidade de Abertura do Festival, às 19 horas, seguida pelo filme “Como se morre no cinema” (20 min, Documentário, 2002, Brasil, Dir. Luelane Loiola Corrêa).
Às 21 horas, a Tenda Perro Loco, local das atividades culturais, será aberta.
José Luiz,
Dizer que os filmes brasileiros são fracos por causa dos roteiros é um tanto obscuro. Um roteiro é algo muito básico e diferente de um filme, e eu diria que é até impossível apreender o "roteiro" quando assistimos as obras. Logo, suspeito que você quis se referir às histórias dos filmes. Mas, mesmo nesse aspecto, a avaliação fica problemática. Grosso modo, as histórias são bem menos importantes que as imagens, o som, a maneira como os filmes são narrados ou mostrados etc. Há coisas demais para serem consideradas.
Se avançarmos o olhar sobre os filmes brasileiros, com critérios mais adequados, penso que podemos notar cineastas criativos e filmes relevantes.
Pedro,
O cinema brasileiro, a meu ver, não tem um grande público porque a única maneira pela qual ele conseguiu se firmar na bilheterias, desde a "Retomada", foi com a proximidade estética e econômica em relação à TV, e o número de cineastas em atividade que se propõem (ou podem se propor) a esse tipo de condicionamento é relativamente pequeno.
A Raisa tem razão. O Projac é a nossa Hollywood. As telenovelas são, há muito, o nosso principal produto. Isso não encerra a questão, claro. Mas noto cada vez mais que há uma concepção de "cinema brasileiro aceitável" (isto é, bem sucedido nos cinemas) vinculada diretamente às telenovelas.
No mais, a hollywood dos EUA ainda é padrão de gosto e qualidade quando a maioria das pessoas pensam em CINEMA. E aí é difícil competir com eles...
Por outro lado, e isso tem a ver com aquele texto meu sobre o "Tropa de Elite", há filmes que reproduzem, ao seu modo, o cinema de ação hollywoodiano (que é extremamente sensitivo). Cim isso, criam um filão paralelo aos melodramas e comédias próprios da estética das telenovelas, e, curiosamente, direcionam novos produtos para a própria televisão (séries, etc). Boa parte dos "filmes de favela" da última década participaram desse processo.
Prezado Rodrigo Cássio, você fez boas observações, contudo, se me permite, não respondeu a pergunta principal, ou melhor, a uma das perguntas: por que esse cinema (cinema nacional) não consegue conquistar o público?
Pessoal,
A programação do PERRO LOCO est[á demais, muito boa. Estarei lá com certeza.
Pessoal,
A programação do PERRO LOCO está excelente. Estarei lá e vou conhecer a famosa mentora do festival, a Jusceni Rezende.
Caro José Luiz,
Eu toquei na questão nos outros dois comentários. Discordo que o público não foi conquistado pelo cinema brasileiro. O que se dá é que este público se orienta por interesses específicos. As grandes bilheterias nascem das filiações estético-econômicas que mencionei (com a TV, ou com certa apropriação do cinema de ação - quando não as duas coisas juntas).
Quase 15 milhões de pessoas assistiram aos filmes que melhor representam essa fatura: "Dois Filhos e Francisco", "Cidade de Deus", "Tropa de Elite e "Olga". Aqui temos, basicamente, o melodrama e modulações do cinema espetaculoso de ação.
No entanto, e para a nossa sorte, o cinema brasileiro não é apenas isso. O problema é que os melhores filmes continuam pouco acessados pelo público. Diretores realmente importantes da nova geração (como Beto Brant, Karin Ainouz ou Cláudio Assis) são pouco vistos nos cinemas. Pra não falar os da "velha" geração.
Por isso, penso que o que realmente vale a pena questionar é a formação do público. Este sim é o grande problema do cinema nacional, e não o esquema de mecenato do Estado, e menos ainda a personalidade dos diretores.
José Luiz,
Pra completar: acho importante problematizar todo o sistema do cinema: financiamento, burocracia, distribuição, etc. É o que fazíamos no outro post, cobrando dos cinemas de Goiânia uma programação mais diversa. Mas um público disposto a acolher os filmes é essencial, e certamente é a base possível de um cinema brasileiro cada vez melhor. Bons filmes existem, ainda que o grande público não os reconheça.
Boa tarde!! José Luiz,
Penso que o Rodrigo Cássio respondeu sua pergunta de forma bem satisfatória. Sabemos do imenso preconceito atávico em relação ao cinema brasileiro.
Sabemos tb. dos seus problemas (estatismo em demasia, filmes ruins, cineastas-burocratas).
E sabemos da enorme dificuldade para a inclusão do cinema brasileiro no grande circuito (apesar de ser contra qualquer favorecimento ou facilitações sem a mediação segura de agentes sociais sérios.
São tantos os fatores que levam o "cinema brasileiro" a menos de 10% da bilheteria.(fonte aqui)
Comparar com a França é covardia.
Penso que são fatores do cinema nacional não levar público: fama de pornochanchada, educação, cultura [i]americanizada[/i], entre outros.
Dizer que o cinema nacional não leva público por conta da qualidade dos filmes é piada de direita.
Bem Lisandro, vou fugir dos três tópicos sugeridos para escrever acerca de um belo filme que acabei de assistir: o vencedor de nove Oscars “Quem quer ser um milionário” (Slumdog Millionaire), do diretor Danny Boyle.
Indicado por um amigo essa semana, o filme me surpreendeu e chamá-lo de excitante ou atraente (como alguns críticos registraram) seria limitá-lo. O termo “Slumdog”, que traduzido literalmente significa “cachorro favelado”, ilustra com fidelidade as condições de vida de Jamel Malik, o protagonista da trama, e, da mesma forma, serve como pano de fundo para apresentar os diversos problemas da nação indiana - que em vários momentos lembra a brasileira - que a Rede Globo decidiu ocultar: violência contra a mulher, fanatismo religioso, miséria, tráfico de drogas, prostituição infantil e desigualdade social.
“Quem quer ser um milionário” é uma produção independente norte-americana (seu orçamento foi de US$ 15 milhões), que construída em uma atmosfera alheia a Hollywood, convence por sua extraordinária fotografia, edição que mantém o espectador atento a cada mudança de plano, atores capazes de sensibilizar até o mais exigente cinéfilo, trilha sonora envolvente, e que entre outras coisas, é uma manifestação precisa de que existe vida, e principalmente, existe CINEMA, para além de Hollywood/EUA.
Acredito que os motivos de os filmes nacionais não angariarem uma bilheteria satisfatória se apóia na questão cultural. Concordo com os nobres colegas acima, quando dizem que os filmes que mais fazem sucesso são aqueles em que os atores são provenientes da Rede Globo, e que os enredos tem que ser parecidos com os das telenovelas para invocar o público.
Eu gosto dos filmes nacionais, dou apoio ao cinema brasileiro, incentivando meus amigos a irem ver o filmes, ou alugando DVDs, vou também ao cinema prestigiar a exibição, sempre colaboro no que estiver ao meu alcance para que o cinema nacional cresça cada vez mais. Contudo existem filmes bons e ruins, como em qualquer outra nação. Só que os ignorantes que falam mal do cinema nacional se apegam simplesmente aos “mals” exemplos, ou a um crítica desfavorável a algum filme, e tem para si a palavra do crítico como a palavra final, nem se dando ao trabalho de verificar se tal informação é verídica ou não.
Mas vou apontar um pouco do que ouço quando alguém argumenta que não vai ver um filme nacional, sendo alguns desses estigmas infelizmente permanecendo até hoje:
·As tramas se passam num cenário árido, no sertão, o enredo dos filmes de antigamente eram sobre sagas no nordeste.
·Os enredos históricos, como a ditadura que é tão forte no Brasil, quase nunca chamam atenção do expectador.
·Os temas dos velhos tempos, envolviam muito o sexo, do começo ao fim haviam cenas de sexo. E hoje a violência urbana, sendo ela nas grandes cidades, enfatizando as favelas, ou conflitos internos de pessoas que adquirem distúrbios durante a vida como conseqüência das frieza das pessoas. A invasão das informações e violência urbana tem deixado o ser humano mais frio, em relação aos problemas alheios.
·Sempre tem alguém para reclamar também que faltam efeitos especiais nos filmes.
·Nos filmes brasileiros, em muitas vezes são encontradas reflexões sobre nossa dura realidade, e isso o povo não quer, ele cresceu sendo enganado e quer continuar assim como efeito de sua ignorância, o povo busca emoção, ficção, fuga da realidade que lhe assola todos os dias. As comédias fazem sucesso, até mesmo os dramas que tenham um tom cômico. Entretanto os filmes que trazem uma lição, mesmo que embutida, nas entrelinhas, não faz. Tudo o que obriga, aquele trabalhador braçal a pensar, lhe causa repudia e tédio.
O cultural a que me referi lá em cima, se diz ao fato que desde de crianças, nos é imposto a cultura de outros países. A educação que temos em casa importa muito, para o ser humano que vamos ser. O que mais predomina em nós são desgraçadamente são os costumes americanos.
Quando crianças, acordávamos pela manhã e assistíamos desenhos americanos, juntamente com uma mini-série também americana, depois íamos para a escola e aprendíamos sobre a nossa cultura regional e nacional, folclore, lendas e histórias típicas.
Voltávamos para casa e assistíamos a outro programa americano, depois a um filme hollywoodiano. Vestimos roupas com marcas americanas, calçamos sapados de outros países, nossos eletrodomésticos são originais de outros países.
Aprendemos a dar valor mais no que vem de fora e nas marcas, do que em nosso próprio produto. E isso não é papo de socialista não. Isso é fato. Quando crianças somos condicionados assim, mas depois de grandes e de adquirir uma certa maturidade e discernimento passamos a fazer escolhas.
Mesmo os filmes de história nacional não atraindo os brasileiros, um filme de história americana, que não nos tem relevância quase que nenhuma, mas possui um Tom Cruise, ou Brad como estrelas, faz sucesso.
Se for no Brasil um filme histórico tendo o Fábio Assunção como principal, a coisa já muda de figura, e a bilheteria vai se desenrolar. Contudo por causa dos olhos azuis do Fábio, e não do enredo que obriga do telespectador a refletir.
Essa é minha opinião.
Este comentário foi removido pelo autor.
Tatiana,
Isso nem é uma opinião. E uma boa digressão. São opiniões fortes e firmes.
No curso vamos passar por questões importantes como a oposição: narrativo X ruptura, opacidade X transparência e assim por diante. Muito bom!!
Tatiana,
Apaixonei.
Beijo
Pessoal,
A programação do PERRO LOCO está demais, muito boa. Estarei lá com certeza. (3)
Ah...sobre o cinema brasileiro, o cometario da tatiana esta bem completo. Só acrescento mais uma coisa(clichê): Cinema no Brasil não é baratinho não. Claro, que está mais acessivel (hum...) q antigamente, há tb algumas promoçoes loucas de segunda-feira. (segunda-feira?¬¬) e alguns cinemas mais em conta com filmes alternativos.
Mas a massa mesmo não frequenta cinema e se queremos numeros, 52% da população indo ao cinema, então so falta o Lula distribuir como fim de mandato o bolsa filme. Aí sim teremos gente "lotando" salas. Vamos assistir os filmes dessa Pindorama!
Os filmes brasileiros são otimos, ate os que falam de favela, violencia e sertão (rs...)
Lisandro,
Fiquei sabendo que andou bebendo com meu amigo Luiz
(http://thenatureandnurture.blogspot.com/)
Grande companhia!!!
Olá Polly,
Apareça no Festival Perro Loco. Eu e Luiz Alfredo nos encontramos na comemoração do lançamento do filme do Lourival Belém Jr. O filme é muito bom e logo vamos exibi-lo na UFG.
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