quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Haiti, não é aqui? Invente seu próprio Ano Novo!





O HAITI NÃO É AQUI 




João Angelo Fantini*



Aconteceu um terremoto terrível no Haiti – o pior em 200 anos. Ainda não se sabe o número de mortos e provavelmente será uma das maiores tragédias de todo este ano no mundo. É um acontecimento da ordem do Real (diria Lacan), que escapa a qualquer sentido; não há como se precaver e a vida de milhares de pessoas mudará radicalmente depois disso. Podemos (e devemos!) enviar ajuda material, mas as perdas subjetivas, lamentavelmente, terão que ser administradas por cada vítima.

Por outro lado, minha pergunta é: As festas de final de ano no Brasil – da forma como estão acontecendo - são realmente inevitáveis?

A “necessidade” de diversão de milhões de pessoas ao mesmo tempo, no mesmo lugar e a qualquer custo, tem produzido números expressivos:

“Aumentou a violência nos 61 mil quilômetros de estradas federais do Brasil nos feriados prolongados de Natal e ano-novo. Entre o último dia 20 e ontem (04/01), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 7.140 acidentes, com 4.795 feridos. Os números superam em 7,84% e 6,63%, respectivamente, os dados verificados em igual período entre o fim de Dezembro de 2007 e início de Janeiro de 2008. O total de mortos cresceu 13,28%, passando de 384 para 435.” (Agência Estado)

Caso tenha passado despercebido, os números se referem apenas as rodovias FEDERAIS, sem as estaduais, municipais e, especialmente, os acidentes dentro das cidades. Além, claro, dos que morrerão nos hospitais ou terão sequelas graves. Também não estão incluídos assassinatos e outras querelas típicas de grandes aglomerações.

Bem, minha segunda pergunta é: Isso é mesmo uma festa? Os números me parecem mais de uma guerra.

A explicação das autoridades é que isso é reflexo do maior número de carros novos e do aumento do poder aquisitivo das classes menos privilegiadas. Nosso progresso (pessoal e como nação) está sendo medido pela venda de celulares e carros novos. Vamos comemorar.

Se você encontrou seus amigos (e não se meteu em uma festa paga onde não conhecia ninguém) - e sobreviveu, comemore o triplo!

Para o ano que vem, que tal inventar um ano novo, Novo? afinal, se os carros 2011 serão lançados em Junho ou Julho, podemos desarmar esta bomba-relógio, aproveitar a data, e dividir o semestre restante em várias festas, até uma por dia, se der. Que tal?

* João Angelo Fantini é professor na Universidade Federal de São Carlos e autor do livro "As imagens do pai no cinema"

5 Comentários

Pedro e Patricia disse...

Pessoal, João Fantini, muito direto e objetivo, escreveu um texto que gostei. Ninguém suporta mais ir em Pirenópolis nos feriados. A cidade vira um muquiço de tanta gente. Boa, João, eu e Patricia gostamos do seu texto. Ela escolheu a ilustração. Não vamos sair de GYN por qualquer coisa. Por que as pessoas precisam viajar? O "dono" do blog, esperto, está escondido. Enquanto os outros pegam um sol, ele fica lendo e vendo filmes com o ar condidionado ligado.

Elaine Camargo disse...

Gente, cadê o professor? Está "escondido"?

Anônimo disse...

Pôxa, deixem o professor gozar em paz o recesso escolar no recesso do seu lar, que é onde verdadeiramente se pode encontrar a paz. Onde quer que ele esteja com certeza está fazendo seu feliz ano novo, espera-se, né professor! abcs.

Alfredo - Anápolis disse...

Senhor Fantini,

Seu texto revela sua hostilidade com o povo do Haiti. A comparação feita com os problemas brasileiros é grotesca. O professor Lisandro deveria retirar seu post do blog.

João A Fantini disse...

Senhor Alfredo
Se o senhor não entendeu minha solidariedade e pesar no primeiro paragrafo do texto, paciência.
Paciência. Paciência.

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