sábado, 29 de maio de 2010

Robin Hood: flechada publicitária (em cartaz)


Robin Hood

Fabricio Cordeiro*

Na mais recente parceria entre Russell Crowe e Ridley Scott, o ator interpreta Robin Hood antes dele se rebelar contra o reinado inglês e virar um fora-da-lei de papel pregado em tronco de árvore. Inícios de lendas despertam interesse, mas essa dupla transforma filme personagem numa espécie de Robin Maximus Hood. De repente, no meio da projeção, você percebe que é mais enxergar Robin Hood em Kevin Costner do que em Russell Crowe, e isso diz muita coisa.

Como tem sido tradição nos últimos anos, Robin Hood foi a grande produção que serviu de abertura para o Festival de Cannes. Taí uma sessão que gostaria de acompanhar, pois, no filme, franceses são escrotinhos, contratam traíras e depois se fodem. Mas o vilãozão mesmo é o inglês Godfrey (Mark Strong, presença), quase um Darth Vader medieval sob sua capa preta. Ei, se um cara não se importa em comer uma ostra com sangue de outra pessoa, ele só pode representar o chefão final.

Temos aqui a típica produção simplesmente GRANDE que se comporta como um paquiderme mecânico, desde batalhas inexpressivas programadas no automático às várias tentativas daquele humor de confeitaria, bem comum na Hollywood pejorativa. Enquanto Robin parece andar acompanhado pelos Três Patetas, o filme encara parte da relação com Marion como se fosse uma sitcom, oficializando o casal com um “eu te amo” pronto depois de cozinhar por três minutos (mas sem o pozinho do tempero). Alguém precisa avisar a Cate Blanchett que ela é melhor que essas coisas que ela tem feito.

Os épicos de Scott parecem ter saído de uma página de classificados. A impressão geral é que dá pra misturar cenas de Gladiador, Cruzada e Robin Hood numa sala de montagem e o resultado sempre será essa feira de decoração de interiores medieval. É um diretor nascido na publicidade, assim como seu irmão Tony, capaz de usar filtro azul pra coar café. Esse apelo visual digno de anúncio transborda na batalha final, fazendo de Robin Hood o mais longo comercial da Nike. A última flechada, filmada com perfeição publicitária, pede um “Just Do It”.

* Fabricio Cordeiro é membro do projeto de extensão "Cine-UFG, debates"

1 Comentário

Fernando disse...

é realmente um filme fraco, o cinema realmente não precisa dessas superproduções confusas e desnecessárias.

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