| |||||||||||||||
Ligia Hougland | |||||||||||||||
A história, que é uma brilhante combinação de suspense, horror e drama psicológico, com um toque de filme de guerra, é narrada em grande parte pela música. Cada emoção - e são muitas - é passada à audiência por uma poderosa trilha sonora. "O filme é uma sinfonia moderna", disse Scorsese, em Nova York, Esta é a quarta colaboração de Leonardo DiCaprio com Martin Scorsese. Os dois trabalharam em parceria em Gangues de Nova York, O Aviador e Os Infiltrados. Ilha do Medo conta a história de um policial americano e combatente da Segunda Guerra Mundial, Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio), que, em 1954, é enviado a um manicômio judiciário para criminosos perigosos, o Ashecliffe Hospital, situado em uma ilha próxima a Boston, para investigar o desaparecimento de uma paciente. O local usado para as filmagens foi um hospital desativado, em Medfield, Massachusetts. O ambiente é gótico e no estilo filme noir. Logo que começa a investigação com a ajuda de seu colega, Chuck Aule (Mark Ruffalo), Daniels percebe que a ilha guarda muito mais mistérios e intrigas do que o simples sumiço de uma paciente. Há suspeitas de experimentos com os pacientes, médicos com passado nazista e a possibilidade de Daniels estar mais envolvido com o mistério do que primeiro imaginava. A única de maneira de Daniels chegar à verdade é enfrentando seus próprios traumas e pesadelos. No começo do filme, Daniels conta ao seu parceiro que sua mulher havia morrido em um incêndio. No decorrer do filme, não faltam referências a fogo e cinzas, intercaladas por lembranças do soldado americano no confronto com os nazistas. Todos os personagens têm muitas camadas e a verdade vai se transformando de acordo com a perspectiva de cada um dos protagonistas. Papel dolorido "Foi o personagem mais difícil que já interpretei", falou DiCaprio. O ator disse, ainda, que ficou extremamente envolvido com os traumas de Daniels e confessou ter sido o papel mais dolorido da sua carreira. "Mas a dor do ator é passageira, e o cinema é para sempre", falou DiCaprio. Para ele, trabalhar com Max Von Sydow (Dr. Naehring) foi uma experiência particularmente significativa, pois este era o ator preferido de seu avô. Quando criança, DiCaprio disse ter ido com a mãe assistir a um filme de Ingmar Berman, estrelado Von Sydow, e tirou uma foto ao lado do consagrado ator. "Fiquei muito emocionado ao encontrá-lo em um set de filmagem", disse DiCaprio. Ben Kingsley é o diretor do manicômio, Dr. Cawley, em quem, até o final, Daniels não confia. O médico, por vezes, parece ter um interesse genuíno nos pacientes. No entanto, há uma constante suspeita de que, talvez, para ele, os pacientes não passem de cobaias. "Meu personagem é bom e ruim ao mesmo tempo", disse o ator britânico de ascendência indiana. A música como fio condutor Scorsese prende a atenção da audiência que permanece tensa e sofre sobressaltos causados pela magnífica música que conduz o filme e serve de alerta para o furacão que se aproxima da ilha, enquanto a investigação vai se desenvolvendo. O legendário guitarrista canadense, Robbie Robertson, da banda que acompanhava Bod Dylan, The Band, é o responsável pela direção musical do longa. O resultado é uma bela combinação de jazz e música erudita contemporânea. "A música foi o fio condutor do filme. Mudei cenas inteiras em função da trilha sonora", disse o diretor. Scorsese falou que Ilha do Medo se inspirou em diversas áreas da arte, mas manteve a predominância da música como força orientadora. A filmagem em si é inspirada no cubismo. O clima da história se baseia nas narrativas de O Processo, de Franz Kafka, e O Estrangeiro, de Albert Camus. Em outra ocasião, o diretor falou que a história de Ilha do Medo lembrava muito O Gabinete do Doutor Caligari (1920), um clássico do cinema expressionista alemão. No documentário sobre os Rolling Stones, Shine a Light, lançado em 2008, Scorsese mostrou a sua capacidade de acompanhar com a câmera o ritmo da música. "Mas é bem mais fácil trabalhar com Leo do que com Mick Jagger", disse o celebrado diretor. | |||||||||||||||
2 Comentários
Olha, não gostei desse filme do Martin. Ele filmes bem melhores.
Infelizmente, um deslize em umas das cenas iniciais (no barco) desvenda a natureza da historia, isto é, entrega "quem" está contando a historia, então, a partir dai o filme perde o que o cinema tem de melhor: colocar o espectador no centro da enunciação, deixar o espectador "montar"a história dentro da cabeça..
Postar um comentário
Deixe seu comentário abaixo! Participe!