Não choreis os mortos - Pedro Homem de Mello*
Não choreis nunca os mortos esquecidosNa funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.
E, quando à tarde, o Sol, entre brasidos,
Agonizar… guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem, nudos e vencidos.
Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.
E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.
Pedro Homem de Mello (Porto, 6 de setembro de 1909 - Porto, 5 de março de 1984) - Além de poeta, foi folclorista português. Publicou mais de trinta livros de poemas ao longo de sua carreira. Também foi autor de diversos livros para o ensino secundário. Como poeta, ganhou prêmios portugueses importantes como o Antero de Quental em 1939 e o Nacional de Poesia em 1972.
* foto: Pedro Lopes.
2 Comentários
Belo!
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