quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Estréias e programação completa.(28.11 a 4 de dezembro)

* Estréias e programação completa (acesse aqui).

. Rede de Mentiras (Scott), Queime depois de ler (Irmãos Coen), Eu, meu irmão e nossa namorada.

* Avaliação dos filmes em cartaz (abaixo)

. Queime depois de ler (Irmãos Coen)
. O silêncio de Lorna (Irmãos Dardene)
. Vicky C
ristina Barcelona (Woody Allen)



. O pornógrafo (Bonello)
. Mama
Mia!! O filme.
. Feliz Natal (Selton Mello)


. Ensaio sobre a Cegueira (Fernando Meirelles)
. A Casa
da Mãe Joana (Hugo Carvana)
. OO7 -
Quantum of Solace
. Rede de mentiras (Ridley Scott)



. A última parada
. Orquestra de meninos


* Bonequinhos/copyrigth: O Globo

7 Comentários

Lisandro Nogueira disse...

Prezadas e prezados, o Pedro Vinitz, assistente 100% do blog, sugeriu os bonecos parecidos com os bonequinhos do jornal O Globo. Gostei da idéia!! Parece que a indicação e avaliação ficam mais interessantes, além de mais alegre e engraçada. Lembrando sempre q. o blog é nosso!!. Podem dar palpites sem cerimônia.

Anônimo disse...

Tomei a liberdade de propor a discussão de "Vicky Cristina Barcelona" para este espaço levando em conta que o filme ainda está em cartaz. E vou retomar observações de outras pessoas que se pronunciaram no ponto original da conversa, a começar pela recomendação de Lisandro: "Muita atenção para a 'voz off' que comenta o filme". Na verdade, a voz faz bem mais que comentar, ela narra a história, fazendo com que, em certa medida, as imagens, as cenas representadas, sejam um elemento subordinado, ilustrativo. Não podemos esquecer que Woody Allen é, antes de tudo, um escritor, que faz filmes, mas basicamente um homem de letras, assim como Orson Welles, grande diretor, é sobretudo um ator. Não é à toa que os filmes de Allen são sempre “directed and written by W.A.” Outra afirmação de L.N., "O maior desafio para um bom cineasta é manter a criatividade a longo prazo", merece, até certo ponto, objeção. Creio que a frase, na verdade, um preceito (que pode ser aceito, ou questionado), aplica-se, talvez, à maior parte dos cineastas, mas não a Woody Allen. Este não "mantém" a criatividade: ele simplesmente não se preocupa em ser criativo, embora o seja não raras vezes. Allen quer discutir questões, quer figurar situações (como, em "Broadway Danny Rose", representa o mito inimaginável, especialmente para nós na tradição iberocatólica, do "bom empresário"), e em "Vicky..." ele quis discutir se conseguimos/sabemos amar, dando, como primeiro encaminhamento para a questão, uma dupla perspectiva: pessimista, para o pai de Juan Antonio, e otimista, para o próprio Juan Antonio.

Anônimo disse...

2) Como disse Fernando, Woody Allen, ao tratar de seus temas, é "inteligente, mas não pedante", ou seja, ele é inteligente (pois todo pedante peca pela mais tola burrice). Mais importante do que isso: "Ele faz filmes com temas universais", como disse Lisandro. O mesmo Lisandro, porém, constata no "Vicky..." uma preocupação parcial, não universal: "Seu olhar dirige-se mesmo, com toda a firmeza, é para a fragilidade do homem contemporâneo". Teríamos de decidir se Allen sustenta, ao mesmo tempo, as duas visadas, universal e parcial, ou se, na verdade, ele pende mais para uma delas. No prosseguimento da conversa, primeiro, com o próprio L.N., e, depois, com Amocadofigo e Rodrigo Cássio, ficamos com a impressão de que prevalece uma leitura atenta principalmente a um entendimento parcialista do filme. Em outras palavras, as pessoas que continuaram a discussão interessaram-se por uma categoria chamada "olhar masculino" e tentaram interpretar aspectos importantes do filme com base nela. Vejamos: "Os personagens [homens] não sabem como relacionar-se com as mulheres" (Lisandro). "Juan tem seu papel de mulher em parte considerável do filme" (Amocadofigo). "Ele [Juan Antonio] passa a ser 'mulher' após o retorno da 'masculina' Maria Helena" (Amocadofigo). "Vejo-o [J.A.] como mulher no que se refere a buscar algo para preencher o vazio provocado pela recente separação" (Amocadofigo). "Enquanto Maria Helena está em cena, ele torna-se um ser frágil, dependente" (Rodrigo Cássio). No final, Rodrigo parece querer afastar-se desse enfoque, e postula um entendimento mais universalista: "Ainda que tenhamos muitas mulheres em cena, o que importa são as posições que os personagens e o espectador ocupam". Mas, em seguida, conclui com uma tirada parcialista: "Com Maria Helena ou sem Maria Helena, o filme sempre tem um olhar masculino determinando as ações e projetando nossas identificações". Ou seja, "olhar masculino" não é o que o personagem masculino mostra, masculino é o olhar de Woody Allen.
Não acho essa perspectiva proveitosa. Em antropologia (e em todas as áreas em que os conceitos antropológicos puderem ser aplicados) pode-se explorar esse ponto de vista. Mas não em arte (e em filosofia). Mais rico é apostar, como na primeira impressão passada por Lisandro, na investigação que Woody Allen faz, e entrou para a história do cinema por fazê-lo, dos temas universais!

Anônimo disse...

3) Numa outra fala, a outro propósito, porém, Lisandro Nogueira eliminou a possibilidade de dúvida! Vejam só a afirmação: "O olhar não tem corpo: não é masculino nem feminino. O olhar do cinema ou da fotografia é o olhar sem corpo"!! De fato, em "Vicky Cristina Barcelona" (mas não em todos os filmes), Woody Allen manifesta um interesse artístico semelhante ao de Eric Rohmer, também em alguns filmes (por exemplo, "Canto de Outono"), ele quer aí, examinando microssituações, pensar a condição, os dilemas e anseios do ser humano. Desejar aventurar-se no campo amoroso-sexual é algo que pertence à personagem Cristina? Ao sexo feminino? Ou a todos nós, mesmo que tomemos em nossa vida efetiva decisões completamente diferentes da mulher pouco moralista vivida por Scarlet Johansson? Ser racional (ou esforçar-se, no limite das próprias forças, por tentar sê-lo) pertence a uma personagem sofrida, como a interpretada por Scarlet Johansson em "Match Point", ou ao pintor relativamente bem-sucedido Juan Antonio (Javier Bardem), mas W.A. exprime algo quando mostra ambos os personagens tendo dificuldade em levar adiante suas estratégias de vida, Scarlet literalmente sucumbindo, em "Match Point". Há muitos fatores intervindo, que tornam o alcance da ação racional limitado. E, entre esses fatores, o principal, nesses dois filmes, é a loucura/desequilíbrio psíquico, manifestada no grande tenista apaixonado por Scarlet e pela pintora "genial" representada por Penélope Cruz em "Vicky..." E este é apenas um dos elementos, fora as polaridades da liberdade/moralidade convencional, disponibilidade/compromissos profissionais, fruição artística direta/consumo de bens intermediado por tecnologia. Este é o principal problema de "Vicky Cristina Barcelona": excesso de elementos ou aspectos numa questão razoavelmente unificada, que acaba não sendo tão aprofundada como poderia.

Anônimo disse...

4) Woody Allen realizou um número razoável de obras com preocupação em relação à carência material, à própria miséria. O melhor exemplo disso foi “Rosa Púrpura do Cairo”: a personagem Cecília, vivida por Mia Farrow, em plena crise da Grande Depressão, era supersofrida, assumindo uma composição até caricatural (o que funcionava bem, porque, afinal, tratava-se de uma comédia). Em “A Outra”, uma moça grávida, em situação de pobreza, participa de sessões de psicanálise num consultório ao lado do apartamento que a intelectual Gena Rowlands alugou para ter a paz necessária para escrever seu novo livro. Há também o presidiário que a dondoca de esquerda vivida por Goldie Hawn ajuda a libertar (e depois lhe causa grave problema...). Creio que daria para aumentar os casos, mas interessa agora verificar que em “Vicky Cristina Barcelona” sua preocupação é outra: examinar na vida de uma série de pessoas sem a menor necessidade econômica questões verdadeiramente humanas (que não podem vir à tona em situações de sofrimento material). Já nos filmes do contexto nova-iorquino isso se manifestava: em “Melinda & Melinda” (e em vários outros filmes), as pessoas, sem serem milionárias, são suficientemente bem de vida para dedicarem-se com toda a intensidade a examinar na realidade a essência da comédia e da tragédia. Eis que surge a pobre Melinda... Muito engraçado! Em “Vicky...” o anfitrião das duas americanas em Barcelona tem até iate. O pintor Juan Antonio, “action painter” de vanguarda, tem uma situação econômica bem confortável. Apenas Maria Helena é carente materialmente, mas isso fica ofuscado por seu real problema: a carência psíquica.

Anônimo disse...

5) É curioso como Woody Allen desglamouriza Scarlet Johansson, justamente a atriz americana mais apta, nos últimos 20 anos, ao papel de diva. Mas eu queria falar um pouco sobre a trilha sonora. Como só assisti ao filme uma vez, não tenho a lista completa das músicas, e muito menos a correlação entre o roteiro e as peças musicais, não posso analisar a trilha, e menos ainda julgá-la. Posso, no entanto, dizer que ela não me desagradou. Sinceramente, não vi problemas nela. São apenas três os elementos memoráveis que me ficaram da trilha de “Vicky Cristina Barcelona” (este não é realmente um belo título...): 1) uma das peças musicais (vi no letreiro) é de Isaac Albéniz, um dos maiores compositores espanhóis de todos os tempos; 2) há uma musiquinha, cantada por mulher, que toca no começo, talvez no meio e no final do filme, e que fala de Barcelona (serve um pouco para “amarrar” a história, é uma espécie de moldura); e 3) em três ocasiões o violão aparece sendo tocado ao vivo, em espaço público. Além disso, há uma música de fundo, executada ao violão (será a de Albéniz?), quando a história acaba, que é de arrancar lágrimas. Mas o que me parece mais interessante são as músicas interpretadas no espaço público, ao vivo. É um traço do trabalho de W.A. Muitas vezes há em seus filmes espetáculos acontecendo ao vivo: música, geralmente clássica, mas também jazz; teatro; ópera; sapateado (em “Rosa Púrpura...”, a dança de Fred Astaire com Ginger Rogers, de “Cheek to Cheek”, embora não fosse ao vivo, é a própria essência do cinema); e o simples ato de ir a um cinema, comum ou “de arte”, reveste-se desse caráter não passivo, que ele opõe ao mero consumismo, o qual pensa estar assistindo a um filme (no DVD, na TV a cabo, no lap-top, estando no Japão, assim não se perdendo determinada emissão de TV, como disseram os amigos de Doug encontrados em Barcelona), mas está apenas fazendo circular os cada vez mais novos produtos da tecnologia incessantemente sendo lançados no mercado.

Lisandro Nogueira disse...

Olá Teixeira, essas análises são realmente instigantes. Precisamos de tempos para pensá-las. Vamos voltar ao debate.
Lisandro.

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