segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Informados e ignorantes

Informação e conhecimento

Lisandro Nogueira

A quantidade de informação produzida no mundo é tão grande que foi necessário um suporte – a informática – para disseminá-la. Não há dúvida de que hoje as pessoas são mais informadas. O avanço tecnológico vem possibilitando que mais segmentos da sociedade tenham acesso a milhares de informações. Essa superinformação, no entanto, está causando uma situação dúbia: ao mesmo tempo em que proliferam os canais de informação, mais as pessoas se distanciam do saber.

Em outras palavras, a informação que deveria ser o caminho de acesso ao conhecimento, institui-se como um fim e não como um meio. Dessa maneira, a superinformação resulta em prejuízos ao conhecimento, em vez de proporcionar a ampliação de suas fronteiras.

O modelo é a priori sedutor e envolvente. No começo do século apostava-se que os meios de comunicação seriam os principais agentes de integração do indivíduo na sociedade. Os teóricos americanos Daniel Bell e Yonei Masuda creditaram às mudanças tecnológicas a força de realização de uma sociedade em que desapareceriam as diferenças entre pobres e ricos, tendo como carro-chefe o mito da "informação para todos".

Consumindo informações com um apetite voraz, o cidadão imagina participar das decisões, ser o senhor do sistema. Mas isso é apenas uma ilusão. Do quê se usufrui deveras? O sociólogo francês Jean Baudrillard tem uma frase ácida sobre a questão:"Nós vivemos num mundo onde prolifera a informação, enquanto seu significado diminui".

A conclusão, pois, frustrante: quanto mais "informados" nos tornamos, mais ignorantes ficamos. O grande desafio de hoje é, portanto, a tentativa de fazer que a informação seja, de fato, o canal legítimo que leve ao conhecimento. O contrário desse esforço fará o enraizamento do "analfabeto do ciberespaço": impaciente, egocêntrico e suscetível a se manifestar, quase sempre, pela violência.

3 Comentários

João A Fantini disse...

O que parece estar ocorrendo é que a informa;cão, como a publicidade por exemplo, tornou-se fetiche, isto é, ocupa a função de escamotear uma falta, o que neste caso poderiamos pensar, seria da ordem da impotência do leitor frente uma demanda politca de ser capaz de realizar algum ato a partir das informações que recebe.

Anônimo disse...

Eu não tenho a resposta e creio q se alguém soubesse como abrir a porta da mídia para o conhecimento e não para a informação, já teríamos, pelo menos os mais atentos, passado por ela. Podem me chamar de pessimista mas para mim não há como mudar a configuração da transmissão de informação atual, porém passarei a vida tentando achar formas de usa-la em prol da informação de qualidade.

Diversidade Cultural disse...

O alicerce do "conhecimento" está na Educação. Sempre busco compreender "de alguma forma", a transmissão de informação com a velocidade tecnológica. Mas de certa forma, o que é "informação" num "mundo" em que vivemos, alienados com modelos que sedão nossa capacidade de criticar, analisar, reinventar, e sermos participantes ativos?

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