sábado, 30 de maio de 2009

Vida obscura

VIDA OBSCURA

Cruz e Sousa


Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres,
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!

* dedicado ao amigo José Sayun que partiu para sempre.

1 Comentário

Lisandro Nogueira disse...

Conheci o psicanalista Sayun há dez anos. Generoso, "confuso" e misterioso. Homem bom!! Foi marido da minha amiga Bernadete. Deixa o Gabriel, amigo da Luísa, minha filha. Eu e Luísa olhamos ele hoje pela última vez no caixão (estava com o semblante calmo como nunca). Nós dois fizemos ali, na frente do seu corpo, um minuto de silêncio em nome do seu silêncio - agora profundo e sólido. Pensei na poesia do Cruz e Souza. Pensei na tragédia da vida e no sentimento dos homens bons.

Vá em paz, amigo Sayun. Gabriel e Rafael ficam...já são bons como o pai.

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