quinta-feira, 4 de junho de 2009

Reflexões de um professor.

TURMAS, ALUNOS E GERAÇÕES

Lisandro Nogueira

Tenho 28 anos de sala de aula. Sou um professor clássico: comecei no ensino fundamental (Colégio Agostiniano e Instituto Maria Auxiliadora, entre 1981 e 1985), fiz uma passagem pelo ensino médio, até ingressar no ensino superior – estou desde 1988 na Universidade Federal de Goiás.

Gosto da sala de aula. É preciosíssimo o contato com os jovens e colegas. Depois de todos esses anos, continuo animado e entusiasmado, estimulado a continuar na sala de aula até quando a vida consentir. Sinto uma gratificação enorme em contribuir para a formação de alguém.

Professores marcaram profundamente minha vida. Foram eles, em diversos momentos, dentro e fora de sala, que mostraram horizontes, apontaram as possibilidades para “fazer o caminho sozinho". Uma fala, um gesto, uma aula, uma indicação... pode mudar o percurso de uma pessoa rapidamente.

Ser professor é o máximo para mim. Quando saí quinta-feira da Faculdade de Enfermagem e Nutrição da UFG – discutimos o filme Persona, de Ingmar Bergman, dentro do ciclo de estudos Loucura na tela – me veio à lembrança da primeiríssima aula que ministrei, em 1979, no ensino fundamental. Naquela noite, tomei a decisão: seria professor a qualquer preço. Larguei o emprego de que gostava (aprendi muito com Mário Valadares, na empresa de engenharia, na qual eu “fazia de tudo"; Mário foi um professor e cumpriu uma função paterna num momento fundamental da minha vida). Pouco tempo depois, aos 20 anos, já aluno dos cursos de jornalismo e história, com uma alegria sem fim, fui aprovado [nos testes] e passei a compor o quadro de professores do Colégio Agostiniano (Praça do Avião) e do Instituto Maria Auxiliadora (Praça do Cruzeiro).

Guardo uma gratidão especial para com a Irmã Rosidália, freira linda, sensível e séria, que me ensinou a "dominar" a sala de aula. Em seguida, vieram tantos colegas legais e tantos alunos bons...

Turmas e turmas passaram...alunos e alunas...e algumas turmas marcam muito. Eles passam e nós ficamos. Uma turma de que gostei bastante foi a de 2003 (talvez a última do sistema seriado). Fizemos grupos de estudo de cinema e vimos vários filmes. Dessa turma, recebi estímulo para prosseguir com os estudos sobre cinema e jornalismo. E debatemos muito a profissão de jornalista. Acompanho quase todos eles de longe, nos blogs, nos escritos e nas informações que chegam por intermédio de um ou de outro. Todos eles escrevem bem e fazem reflexões instigantes acerca da profissão e o ofício de viver.

Rodrigo Alves era dessa turma. Hoje, trabalha em O Popular, diário de Goiânia. Ontem, abri o seu blog e li um texto de que gostei muito. Pedi para publicar aqui no blog. Foi gentil e atendeu meu pedido. Segue abaixo sua reflexão sobre a profissão:


Quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão

Rodrigo Alves

Adoro ser jornalista. Mas em quatro anos de carreira mudei muito minha opinião sobre o Jornalismo, sobre o que é ser jornalista e sobre quem sou eu. Hoje já não posso mais ser considerado um foca na concepção pura do jargão, embora ainda eu tenha a impressão de que as pessoas (incluindo fontes e chefes) continuem a me enxergar assim.

Sei que melhorei bastante, modéstia à parte. Meu texto está infinitamente melhor, embora, reconheça, ainda precise amadurecer bastante. Hoje consigo ver o que a imaturidade obstruiu e no futuro é provável que ache meu texto de hoje muito medíocre. Provavelmente serei sempre insatisfeito.

Também aprendi a apurar melhor as informações e, por isso, estipulei automaticamente que a qualidade do meu trabalho é diretamente proporcional aos estímulos externos (reconhecimento e remuneração, especialmente). Antes não era assim.

Pesquisando no Google Analytics, decobri que uma das minhas páginas mais visitadas neste blog é um post criado há três anos, em que publiquei o texto "Quem Sou Eu e Por Que Escolhi o Jornalismo Como Profissão". Com ele fui selecionado para a entrevista do Curso Abril de Jornalismo. Fiquei envergonhado quando reli o texto e não pude evitar uma reedição que você pode ler, se houver paciência, clicando aqui. Além disso, reeditando o texto, cheguei ainda a outras conclusões:

QUE só se mudam coisas com jornalismo, se você estiver em um grande veículo
QUE você só se torna um bom jornalista reconhecido, se for carreirista (isso fica difícil dependendo de sua personalidade)
QUE respeito jornalístico cresce com a idade, mesmo que você seja bom bem antes de se tornar um senhor de média idade (essa conclusão vem de observações e não de mim mesmo)
QUE se você não souber seguir a conclusão acima vai ser considerado um cara das antigas, ultrapassado, e provavelmente fracassado
QUE ou você é jornalista na melhor concepção do termo ou se torna gestor de empresa. Um não anula o outro, mas eles se atrapalham bastante. É um jogo equilibrado para poucos
QUE sou mais romântico em relação ao jornalismo do queria ser
QUE sei que um dia vou ter de abandoná-lo, na concepção que sonhei na fase pré-vestibular, se quiser ganhar dinheiro

14 Comentários

Luiz Alfredo disse...

Grande Lisandro!
Obrigado pela passadela no meu blog.

Quanto ao nosso Vila, estou acompanhando muito pouco, já que meu time de coração está combatendo as mesmas batalhas.

Aliás, já te faço o convite por aqui: dia 14 de julho lá no Serra vamos ver o jogo Vila e Vasco? O que achas? Nosso amigo Belemzeira já topou a parada (eu trabalho com aquele figura lá no Cepaigo!). Convite irrecusável.

Grande abraço

wertem disse...

Gostaria de dizer que, não fiz parte desta turma de jornalismo de 2003, mas entrei no curso de publicidade neste ano, e resolvi que queria estudar cinema. Foi aí que o lisandro e fiz parte de algumas de suas disciplinas. A educação, a academia, são fundamentais para nos ajudar a suportar certas inquietações que são próprias do ser humano, nesse sentido, o Lisandro além de meu professor, foi mestre, amigo e em alguns momentos também soube dar orientações paternas. Grato pelo que aprendi, continuo aprendendo diariamente neste blog.
Abraço Lisandro.
E continue com esse amor não apenas pelo Cinema, mas também pela Educação.

Erika disse...

Oi, Lisandro! De vez em quando eu fico com muita saudade do grupo que montamos, realmente aprendi muito naquela época. Apesar de já terem se passado seis anos (!!!) da iniciativa, minha mania de cinema nunca mais foi curada....rs. E com absoluta certeza você foi um dos professores que mais marcaram nossa passagem pela faculdade, especialmente por ter despertado nos alunos o gosto por filmes de qualidade. Sempre quis te dizer isso...rs. Até hoje a gente vai na Cara pegar filme antigo e de bons diretores. É um vício mesmo...rs.

Quanto ao texto do Rodrigo, ele expressa bem a mudança que a gente vai sentindo com o passar dos anos na profissão. Tenho muito orgulho desse meu namorado..hehee.

Professor, nós todos podíamos nos encontrar um dia desses pra bater papo e ver um filminho. Ouvi dizer que o Cine Ouro vai passar alguns filmes do Almodóvar este mês. Um grande abraço!!!

Lisandro Nogueira disse...

Olá Alfredo,
Já ganhamos mais uma ontem: Vila 1 X 0 Ceará. Si,, vamos ver esse jogo. Aliás, procuro ver todos os jogos. Acompanho o time diariamente. Sou Vila desde 1966.
Um abraço,
Lisandro

Lisandro Nogueira disse...

Grande Werten,

afetivamente você fez parte da turma de 2003. Foi um dos melhores alunos: esforçado, interessado e sensível. Além de bom aluno é tb. gente boa. Sujeito fino que logo encantou a Mariana. O professor depende dos bons alunos. Você é um deles.

Lisandro Nogueira disse...

Querida Erika,

Sempre alegre e um texto ótimo. Sim, vamos marcar um encontro no começo de julho. Pode ser a combinação de um cinema e um café; ou um cinema e um chopp; ou um cinema e um lanche.

Entro em contato com vocês. Até hoje lembro do seu texto sobre "Olga" q. publicamos em O Popular.

Um abraço,
Lisandro

Deire Assis disse...

Olá, Lisandro!
Que bom ouvir um professor falar com tanta paixão da arte de ensinar. Vocês, mestres, nos deixam mesmo muitas (boas) marcas.
Obrigada pela visita no blog. Passarei sempre por aqui para me atualizar sobre a telona.
Grande abraço!
Deire.

Eduardo Sartorato disse...

Olá prof. Lisandro,

Agradeço a visita em meu blog e os elogios a nossa turma. Nós aprendemos bastante com vc naquele ano. Principalmente no desenvolvimento da nossa visão perante a profissão. Vide o filme Jejum de Amor e a aula com a jornalista Stella Senra. Agora, não é tarde para concertar alguns erros que cometemos em nossa vida, então você poderia repensar a sua preferência por aquele time vermelho que não vai a lugar nenhum. Nós do VERDÃO ainda estamos aceitando novos torcedores (não por muito tempo, pois a concorrência é grande).

abração!!

Thomas Silva disse...

Eduardo Sartorato,
Aquele time vermelho vai para Tóquio.
Abraço

Lisandro Nogueira disse...

Caro Sartorato:
O Vila Nova tem torcedores. O seu time tem "expectadores".
Venha para para o nosso lado, venha ser feliz.

Lisandro

Juliane Gomide disse...

Ola Lizandro
que emocinante o seu depoimento sobre o amor em ser professor. Quando puder entre em meu Blog e leia uma das minhas postagens: Desabafo de uma profissional professora educadora.
Tomara ciencia de um drama que uma amiga e colega em comum esta experenciando no momento (vc a conhece muito bem..(comento, caso quiser, posteriormente de quem se trata.
Aproveito e lhe cumprimento pelo seu expressivo e admiravel trabalho como professor e jornalista, o qual admiro muito. Abracos

Lisandro Nogueira disse...

Olá Juliane,

Li seu desabafo no blog (não consegui comentar lá.: tocante e sensível. Ser professor é "barra" mas é bacana.
Conte comigo e vamos superar esse momento. Um beijo forte do velho amigo Lisandro

Ana Flávia Alberton disse...

Oi Lisandro,

Assim como professore e alunos marcaram profundamente a sua vida, tenho absoluta certeza de que você - e muitos outros professores dedicados da Facomb - marcaram a vida de todos aqueles que povoaram aquela Faculdade.

Uma aula dada com vontade, uma conversa no corredor e até mesmo a postura que um professor tem perante as coisas da vida faz total diferença na formação acadêmica e, principalmente, humana de cada um.

Obrigada pela visita ao meu blog e volte sempre que quiser.

Um abraço,
Ana.

Tiago Bênia disse...

Oi, Lisandro.

E as corridas, como estão?

Eu tive problema na garganta e parei por uns dias. Acho que isso foi um sintoma do meu blog, que está meio abandonado. Pobre!

Quanto ao Vila, acho que vou observar mais até o fim do primeiro turno. Mas vou torcer para que as coisas melhorem por lá.

Um abraço, obrigado pela visita no blog, e até a próxima corrida.

Postar um comentário

Deixe seu comentário abaixo! Participe!

 

Blog do Lisandro © Agosto - 2009 | Por Lorena Gonçalves
Melhor visualizado em 1024 x 768 - Mozilla Firefox ou Google Chrome


^