quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Música no cinema


A música no cinema: emoção e arte
Simone Tuzzo*

 
Habitualmente costumamos chamar a música de um filme de trilha sonora, que vem do original em inglês soundtrack que, na verdade, tecnicamente representa todo o conjunto sonoro de um filme, incluindo além da música, os efeitos sonoros e os diálogos. 

Na prática, é comum e amplamente aceito o termo trilha sonora fazer referência à coletânea de canções de filmes, novelas, seriados, documentários etc. Trilha sonora também pode ser a música instrumental que acompanha um filme, seja ela composta exclusivamente para este fim ou não. Quando uma música é composta para determinado filme, chamamos de música original do filme.

     A música na linguagem audiovisual tem a função de “tocar” as pessoas, ou seja, emocionar, arrancar lágrimas, causar tensão, desconforto, incomodar, narrar um acontecimento, um nascimento, uma morte, uma perseguição, uma piada, um diálogo, um alívio, uma festa, descrever um movimento, criar um clima, acelerar uma situação, acalmá-la. Enfim, a música está lá por algum motivo. 

A relação entre os sons e as imagens é tão forte que, quando composições de vários filmes são interpretadas em concertos ou mesmo executadas em rádios ou CDs, mesmo quando possuem grande sucesso, são distintas da emoção e do impacto que causam ao serem apresentadas em conjunto com as imagens de um filme. Mais que isso ouvir uma música original de um filme tem impacto diferente para aquela pessoa que assistir ao filme e para aquela que não assistir. 

     O compositor de uma música para um filme é considerado uma espécie de dramaturgo musical. Sua atenção está voltada para a história e para o modo como ela está sendo contada. O compositor possui o talento e a imaginação de um dramaturgo, bem como a habilidade de transformar os seus sentimentos e pensamentos em música. 

     Grandes mestres do cinema dizem que é quase impossível fazer um filme sem música. Segundo eles, “a música é o cimento para o filme”. O conjunto de direção de arte, atores, cenografia, fotografia, tudo enfim que envolve um filme necessita ser “cimentado” pela música.
     A meta de um compositor no início de um novo trabalho é definir o conceito da música. O assunto, a alma, o direcionamento do filme. Seu estilo, seus objetivos estéticos e artísticos. É necessário avaliar a pretensão do filme. Para citar um exemplo, no filme Um corpo que cai (1958), bem como em vários outros filmes de Hitchcock, com música de Bernard Herrmann, fica bastante claro o conceito musical, ou seja, um conceito que mistura romance e suspense, algo romântico e tenso ao mesmo tempo. De acordo com a época muda-se o estilo, a forma musical, a sonoridade, o ritmo etc. Mas o objetivo conceitual é o mesmo em todas as trilhas sonoras, ou seja, emocionar pelo excesso, elevar a experiência do público, até porque a música é algo que fica para sempre na mente das pessoas. 

     O nascimento da música no cinema confunde-se com a própria história do cinema. Sabe-se que as primeiras projeções de Lumiére foram acompanhadas por músicos. Naquelas eras remotas das trilhas sonoras, quando o público estava mais acostumado a Beethoven, Wagner ou Mozart, a evolução da sétima arte foi acompanhada por clássicos populares, canções folclóricas ou danças de cafés e salões, interpretadas por músicos e pequenos conjuntos e orquestras. Em 1908, o compositor Camille Saint-Saens foi contratado oficialmente para compor uma peça específica para um filme. Conforme o cinema foi se desenvolvendo, foram surgindo formas aprimoradas de acompanhamento musical dos filmes. Por volta de 1914 quando o cinema começou a proliferar, eram contratadas grandes orquestras para acompanhamento musical das sessões noturnas. A grande luta era pelo desenvolvimento tecnológico capaz de sincronizar imagens e sons.

     Em 1926 é feita a estréia da primeira trilha sonora oficialmente composta para um filme, totalmente sincronizada e na forma que vemos até hoje. Uma verdadeira obra de arte, ou, como diria o Italiano Ricciotto Canudo, A Sétima Arte. A verdade é que o Cinema continua a encantar os cinéfilos que, como eu, trocam qualquer programa por um bom saco de pipocas numa sala escura, muita imagem, emoção e, é claro, uma boa trilha sonora. 

* Simone Tuzzo é Relações Públicas, Doutora em Comunicação, professora do Curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Goiás – UFG. simonetuzzo@hotmail.com



41 Comentários

Maria Euci disse...

A profa. Simone foi muito feliz na sua exposição. A relação cinema e música é muito importante.

Caroline Pires disse...

Concordo plenamente com a afirmação de que a música é o cimento de um filme. Algumas cenas só alcançariam a plenitude por meio da música.

Imagine só o que seria daquela cena em que a Vivien Leigh (Blanche) conhece do Marlon Brando (Stanley) no filme Uma rua chamada pecado sem a música de fundo. Talvez só pela interpretação da Vivien, que por sinal é incrível em todo o filme, não seria possível o público ter certeza que acontece um "flerte".

Aproveito a oportunidade para falar de um filme que alguém sugeriu em um dos comentários desse blog. É o musical Once (Apenas uma vez -2006). A trilha sonora é absolutamente incrível. Na verdade, toda a trama é um pretexto para mostrar as lindas canções... reforço o que disseram e torno a recomendá-lo ... vale muito a pena assistir... nem que seja só pelas músicas.

Pedro disse...

Caroline, esse filme "Once" é simplesmente maravilhoso. Não costumo chorar no cinema. Mas nesse filme todas as músicas são tocantes.

Lisandro Nogueira disse...

Olá Renata: o blog está a disposição para divulgar uma causa importante. Conte conosco!!

Lisandro

Unknown disse...

Interessante a idéia de cimento do cinema, que a música toma. Sempre tive um vínculo grande com as trilhas sonoras daqueles filmes de que gosto mais.
Hoje, um bom filme não é medido somente pelas inovações das tomadas de câmera, ou pela fotografia estonteante, a música faz parte singular do processo cinematográfico.
Como a Simone bem colocou, a música é algo que permanece na mente do público. Basta se pensar em um cinema mudo, como o foi no princípio. A emoção não é tão forte e a atenção do expectador tende a se perder em determinados pontos da narrativa. Chega a ser curioso!
Meu irmão "desenvolveu" uma técnica para assistir a filmes de suspense e terror. Basta apertar a tecla mute do controle e todas os sustos e ansiedades vão embora, como por passe de mágica.
A imagem continua tendo muita força, mas a música é o que a eleva e a torna, no casos de filmes de terror e/ou suspense, assustadora, inquietante e espantosa. Com essa "técnica" as imagens tornam-se frágeis demais e objetivo da cena não é alcançado.
Uma boa trilha sonora, na minha concepção, deveria ser um dos pré-requisitos para se fazer filmes hoje em dia. Afinal, o que seria dos grandes suspenses ou das chorosas tragédias se a música não estivesse presente?
A música joga, é fato. Mas, é esse jogo, para mim, que faz do cinema ainda mais atraente.

Por falar em música, cadê aquela rádio de trilhas sonoras que estava bem aqui à direita? As opiniões foram tão contrárias, assim?

Unknown disse...

Ótima explanação da Professora Simone!

O conceito de "cimento" vestiu completamente o significado da trilha sonora nos filmes, o que é algo realmente fascinante e encantador. À trilha sonora além de tudo tem função dentro de um filme, não está lá apenas por incremento e sim por que tem importância, valor.

Adoro realmente todo som que compõe um filme, e cito um que assisti e que se chama Donnie Darko, as músicas são ótimas, e os temas que eles abordam na trama são estonteantes, tanto que merecem ser revistos pelo menos 3 vezes para se tirar no mínimo uma conclusão, das diversas que podem ser obtidas. Não sei se é por que gosto de músicas dos anos oitenta, mas o filme é verdadeiramente bom.

E pessoal não devemos nos esquecer que os filmes mudos também são interessantes, e tem seu charme...

Suportte digital disse...

Olá Juliana,

O problema com a emissora de rádio: queremos que ela seja opcional. Estamos tentando resolver isso. As pessoas, de uma maneira geral, gostam de optar entre ouvir ou não ouvir.

Estamos tentando colocá-la desse jeito: opcional. são problemas técnicos que serão resolvidos.

Suporte técnico do blog.

Alfredo disse...

Boa noite, esse texto foi para mim uma grade surpresa. Não sabia dessa relação tão estreita entre música e cinema. Vi o filme de novo. É outra coisa. E como falam aqui no blog. minha visada melhorou muito.

Simone Tuzzo disse...

Caros amigos e amantes do cinema como eu.
Fiquei positivamente impressionada de como o conceito de "cimento" da Música para o Cinema se transformou em uma metáfora facilmente compreendida por todos vocês. Era exatamente essa a mensagem que eu pretendia passar.
Fico feliz pois gosto de abusar das metáforas. Elas normalmente traduzem aquilo que nem sempre milhões de palavras são capazes de expressar.
Obrigada pelos comentários e observações.
Simone Tuzzo

Fernando Carballido disse...

Tenho medo desse "cimento"... desse "o assunto, a alma, o direcionamento do filme"... principalmento o direcionamento. Não consigo concordar com nada disso, não como sendo o essencial.
O Cinema realmente tem sido direcionado dessa forma, a música manipulando o espectador, retirando à força qualquer tipo de interpretação, quebrando a relação de reciprocidade que as imagens causam.

*Disse música, perdão, quis dizer a trilha de som do filme*

Sou um apaixonado por diversas músicas de filmes (agora músicas mesmo), são composições que me fascinam e chegam a dar inveja (não fui eu quem compôs! rs). Mas depois de uma oficina louca com um cara bem louco (Guilherme Vaz) percebi que qualquer som pode ser música (os dois sentidos). Tudo bem que isso pode fazer o filme ter menos lucro, acredito.
A música no Cinema é muito mais do que a "trilha sonora da minha vida", do que o auge do filme (quando o diretor tem imagens que não dizem nada e vira para o cara da trilha e fala: faz ter vida... isso é a morte!), até porque (e isso foi uma coisa que o Guilherme me fez ver) esse movimento direto de imagens e sons, ou seja, muitas informações em ambos os suportes, resulta em um filme pobre, previsível (a música cresceu e vem uma cena forte). Vale a pena refletir sobre o movimento indireto e oblíquo, mas nem vou falar deles (o Lisandro pode dar uma ideia do que são).

Bem, é mais ou menos isso... Hollywood é maravilhoso, tem músicas perfeitas, mas pode crescer em trilhas sonoras... falei demais, dei opinião, vão me rechaçar, mas ok, rs...

Rodrigo Cássio disse...

Fernando,
Concordo com você. No cinema, tomar a música como "cimento" das imagens é algo que pode ser bastante limitador. Imagem e som podem dialogar, brigar, acirrar a relação com o espectador. Em vez de "colarem" sensações, as músicas (ou sons, ruídos, etc) podem valer tanto quanto as próprias imagens, e não exatamente servir a elas a fim de comover o público. Por que a música deveria ser "cimento"? Isso é diminuir o valor que ela pode ter.

Unknown disse...

Não acredito que falar que a trilha sonora como "cimento das imagens", seja limita-la. Penso que a professora Simone deu uma característica das inúmeras que podem ser atribuídas, como o próprio Fernando e Rodrigo Cássio citaram.

Não sejamos tão radicais em levar ao pé da letra aquilo que lemos ou ouvimos, assim como a maioria dos portugueses fazem, devemos refletir, e trocar idéias como fazemos aqui no blog.

E Fernando comecei a fazer essa mesma oficina com o Guilherme Vaz, mas não concluí, pois me envolvi em outras atividades durante a oficina. Enquanto estava lá gostei, ele é malucão mesmo, sinto que perdi muito em não terminar o estudo com ele.

Abraços.

Simone Tuzzo disse...

Olá caros amigos,
Estou achando muito importante as discussões desencadeadas por conta do artigo. Entendo que o conceito de "cimento", objeto maior de reflexão dos leitores, é uma metáfora passível de interpretações. O termo não se esgota em si mesmo, mas suscita exatamente um pensamento crítico sobre o papel da trilha sonora no cinema. Em meu comentário anterior disse que as metáforas normalmente traduzem aquilo que nem sempre milhões de palavras são capazes de expressar, por isso mesmo não são exatas, tendo em vista que, muito mais do que a minha intensão ao escrever, o conceito precisa da interpretação de cada leitor, dos valores e das paixões que cada um carrega.
Não acredito que a música seja mais importante do que o filme, nem menos importante. As artes se completam. O importante, acima de tudo, é ter a consciência de que nenhum som, nenhuma música é colocada num filme como "enfeite", sua função é ampla, definida, pensada, planejada como algo que não somente completa, mas que se funde, que faz parte. Por isso, "cimentar" não traz o conceito de complementar, mas sim, de fundir. Cenas históricas, memoráveis, não seriam as mesmas sem a trilha sonora escolhida. A trilha sonora jamais será somente a "cereja do bolo", mas sim um dos principais ingredientes de produção da massa.

Fernando Carballido disse...

Não consigo, hoje, diferenciar filme e música no cinema. Imagem e música, sim. O som é um valor agregado à linguagem. Filme é imagem e som. Imagem é uma porrada de outras coisas e música também, mas juntos... bem...
Cenas históricas com pop rock não são concomitantes, mas um filme juntou os dois (é claro que criando uma interpretação e novamente quebrando a relação espectador e obra).
O silêncio é trilha sonora... isso é muito importante lembrar. Uma cena com muita informação imagética fica riquíssima em silêncio, como uma tela preta ganha sentido com ruídos e músicas.
Mais uma vez falando do Guilherme Vaz, a música concreta, segundo ele, tem sido um movimento forte no cinema fora do eixo, vale a pena estudar isso. Ele citou muito Pierre Schaeffer.
Abraços.

Herondes Cezar disse...

Gostei do texto da professora Simone. Também acho que a música é crucial para o cinema, e fazia uma falta danada aos filmes mudos. E quando o cinema incorporou o som, no final dos anos 20, Hollywood (pois foi lá que se viabilizou a coisa) passou a fazer filmes musicais, quase sem perceber a contribuição que a música podia dar a todos os gêneros. Ver um filme de mais de meia hora, sem som, exige um grande amor ao cinema. Sei disso porque já vi, no cinema, filmes de mais de duas horas sem som nenhum, e é uma parada dura. Também, em casa, às vezes tiro o som e as legendas de um filme para poder observar melhor os movimentos de cãmera.
À parte isso, eu gostaria que Hitchcock, que era dado a ousadias técnicas, tivesse realizado "Um Barco e Nove Destinos" sem música, como pretendia, embora o filme fosse sonorizado. Já que tudo se passava no mar, dentro de um barco salva-vidas, ele pensou que a música não se justificava. Todavia, sua ideia não vingou, infelizmente. Isto me faz lembrar de "M - O Vampiro de Düsseldorf", no qual o assassino só é desoberto graças ao trechinho de "Peer Gynt", de Grieg, que ele assobia e um cego ouve. No caso, o ator Peter Lorre, que não sabia assobiar, foi dublado por Fritz Lang, o diretor do filme. Trata-se de uma obra-prima, é claro, e uma trilha musical teria tirado toda a força do assobio que pontua o filme.
Desculpem o palavrório, mas o assunto é apaixonante, tal a sua importância e o interesse que desperta em muita gente.

Pedro disse...

Herondes,
essse filme que você citou é genial, do Frita Langa. "O vampiro de Dusseldorf" eu vi numa sentada e com os olhos bem abertos. Seu comentário é muito bom. Quando você vier por aqui, sei que moras em BSB, vou pedir ao Lisandro para conhecê-lo.

Anônimo disse...

Adorei a metáfora do cimento!!!! Olha que paradoxo interessante: o cimento, em sua função fixadora, de alicerce, representa - na análise sobre a importância da música no cimena - a incitação ao movimento, à inquietude deste ser humano que já não tem mais tempo nem olhos para sentir à flor da pele, senão por meio da telona (e da telinha)!!!. Vamos "cimentá-lo" para que possa rir, chorar, temer, enfim, para que possa viver!!! Decerto, as nossas emoções precisam ser provocadas e a música é uma das substâncias ideais neste processo de ebulição. No cinemta, muitas vezes toca tão ou mais profundamente que a habilidade do ator, que o diálogo, o enredo, a fotografia. A música pode, sim, tocar tanto quanto um texto do Fernando Pessoa, que dispensa recursos audiovisuais para dilacerar a alma da gente... e os gênios do cinema sabem muito bem disso!!!

Álvaro Müller disse...

Adorei a metáfora do cimento!!!! Olha que paradoxo interessante: o cimento, em sua função fixadora, de alicerce, representa - na análise sobre a importância da música no cimena - a incitação ao movimento, à inquietude deste ser humano que já não tem mais tempo nem olhos para sentir à flor da pele, senão por meio da telona (e da telinha)!!!. Vamos "cimentá-lo" para que possa rir, chorar, temer, enfim, para que possa viver!!! Decerto, as nossas emoções precisam ser provocadas e a música é uma das substâncias ideais neste processo de ebulição. No cinemta, muitas vezes toca tão ou mais profundamente que a habilidade do ator, que o diálogo, o enredo, a fotografia. A música pode, sim, tocar tanto quanto um texto do Fernando Pessoa, que dispensa recursos audiovisuais para dilacerar a alma da gente... e os gênios do cinema sabem muito bem disso!!!

Junior disse...

Simone, cuidado com suas metáforas. Na tentativa de completar seu raciocício, elas podem lhe tornar refém, permitindo que se postule sentidos que você não imaginou. É impossível fazer um filme sem música? Duvido muito. Aí é pensar demais em um cinema normalista, que não rompe e não inova nas escolhas.

Pablo Boaventura disse...

Oi, Simone.
Gostei bastante do seu texto! Realmente, se no seu surgimento, o cinema necessitava do aporte musical para emocionar, sensibilizar e fazer com que as emoções dos espectadores se integrassem à narrativa contada na telona, na contemporaneidade, onde os nossos sentidos estão constantemente bombardeados pelos estímulos multimidiáticos, essa interface se torna imprescindível para a construção de sentidos e para a apropriação do enredo na subjetividade dos sujeitos. Esses dois elementos, música e imagem, estão completamente imbricados na atual "sociedade do espetáculo".

Anônimo disse...

Querida Simone Tuzzo,

É da natureza própria do trabalho científico que se aceitem os obstáculos de pensar para além do imediato. O primeiro combate que se trava nas sociedades é um combate de idéias. A competência de ver esteve, muitas vezes, associada à prerrogativa de não ser visto.
Como na caverna de Platão, assemelha-se a um jogo de sombras, que agora se chamam imagens, e têm eficácia puramente comunicativa, não indicativa. O fluxo das imagens permanente de um mundo global provoca um excesso que neutraliza as condições de possibilidade do exercício arqueológico da memória.
Tendo em vista a vasta discussões sobre o tema e opiniões controvérsias; é importante ressaltar que não se visa esgotar o assunto, mas sim contribuir com os colegas e com a simpática Simone Tuzzo.
Gostei da abordagem ao tema e o que há é uma multiplicidade de métodos de compreender e discutir a questão.

Rodrigo Cássio disse...

Cinema é imagem e som. A ideia de que a música (e não qualquer som) é um elemento importante do filme já é uma ideia que normatiza a linguagem. E é nesse sentido que se deve desconfiar da concepção do "cimento". Está claro que a Profa. Simone não quer se referir às músicas como meros enfeites dos filmes. Com certeza, elas não são apenas enfeites. Mas disso não resulta que o que ocorre é uma "fusão" de artes diferentes - uma suposta arte das imagens e a música. O cinema é específico, de qualquer modo, ainda que pareça não sê-lo. E em sua especificidade, a meu ver, ele é tão mais rico quanto menos recorre à música, tout court, e mais aos sons. No cinema de origem clássica, por mais importantes que sejam, as músicas geralmente "comentam" as imagens, insuflando o ritmo e as emoções esperadas no envolvimento afetivo do espectador (basta pensar nos melodramas; simplesmente não existiriam sem essa "função comovente" da música). No cinema moderno é bem diferente. Nas vanguardas, nem se fala. Para muitos, o uso clássico da banda sonora chega a ser uma trapaça, ainda mais quando pensamos em uma "sociedade do espetáculo" (recuso-me a usar esse termo de modo não crítico e negativo). A questão é: qual a experiência com o cinema que nós queremos ter?
Abraços

Rodrigo Cássio disse...

Por outro lado, penso que cinema e música podem, de algum modo, complementarem-se enquanto formas de expressão, quando são pensados em comum enquanto criação/composição. Selecionar músicas para um "trilha sonora" é uma coisa; compor a música junto com as imagens, é outra. Vejam a obra "audiovisual"do compositor Mauricio Kagel, por exemplo. Ele criava imagens e música, sendo, antes de tudo, um compositor.

guilherme vaz disse...

Estou lendo os comentarios aqui e gostando de muitos _ apenas gostaria de fazer um comentario que nao fiz nas oficinas , que foram poucas mas boas... , é que " o cinema nao é a soma das artes mas antes uma outra arte " , e que os momentos limites de mais alta expressao que conheço em cinema sao aqueles que de tao forte e substantivas as sequencias , que nao reparamos quando é som e quando é imagem , pela extrema inclusao deles e interaçao , assim neste ponto " o cinema é a ausencia de todas as artes " ,sendo um coisa que flutua no ar luminoso , nos seus pontos mais altos , onde nada se distingue em separado , e ali nao ha soma , mas tem que estudar para isso , inclusive os movimentos contrarios e obliquos da camera e do som , e evitar os diretos . _ Guilherme Vaz .

Lisandro Nogueira disse...

Olá maestro Guilherme Vaz, é uma honra recebê-lo no blog. Muito obrigado pelas palavras que esclarecem bastante a relação música, som e cinema. Penso ser bastante interessante a frase: "o cinema é a ausência de todas as artes". OU mesmo a confluência que resulta numa arte particular.
Apareça sempre,
Um abraço,
Lisandro

Unknown disse...

bacon é bom!

Anônimo disse...

Bacon é ótimo cara!

Unknown disse...

Legal Isso Gostei Muito!.
Agora Entendi A Arte de Cinema!
Agora Vou Passar Na Prova?!
⚠☯

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