quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Veronica decide morrer (em cartaz)

É normal não se sentir feliz? 
Tatiana Cardoso*


A felicidade é  um sentimento efêmero, que está sujeito as circunstâncias alheias a nossa vontade. Buscamos sempre ser felizes de alguma maneira, porque esta é uma emoção boa e que nos satisfaz, sendo impossível ser feliz o tempo todo. Veronika entendia isso, mas tal constatação não lhe deixava seguir em frente, pois percebeu que as pessoas fingiam estar felizes para agradar umas as outras. Formando assim uma cadeia de pessoas que vivem de aparências. Nada parece ser como é.

Com 28 anos, uma carreira promissora, boa família, e um relacionamento amoroso estável, Veronika se sentia infeliz – ela previu seu futuro, olhando as pessoas ao seu redor, e isso não lhe agradou – e conseqüentemente perdida na sociedade, pois vivemos de um jeito em que todos são obrigados a serem felizes, quando não são, se sentem excluídos e essa exclusão levou Veronika a tentativa de suicídio. O lance é que ninguém é feliz o tempo todo, isso é normal. Anormal é ser feliz o tempo todo, quando alguém é assim significa que algo está errado.

Essa é a sentença que a sociedade de hoje está condicionada, “a obrigatoriedade de se sentir feliz“. Temos aí um bom tema para ser abordado em um filme, e ele o foi feito em Veronika Decide Morrer, só que limitadamente. Emily Young não soube usar das ferramentas que tinha a sua disposição, para tratar de uma questão tão relevante a todos aqueles que buscam entender o porquê dos anseios que consomem a vida moderna, e como somos facilmente manipulados – pela classe dominante – quando estamos felizes.

As primeiras seqüências do filme fazem com que você realmente fique preso a cena subseqüente, mas depois deixa a desejar. O melodrama é inevitável, a história é centrada em Veronika uma “vítima” da sociedade, posteriormente no casal Veronika e Edward, que enfrentam durante todo o filme conflitos internos. Característica esta típica dos filmes hollywoodianos, mas com uma narrativa sem clareza, com zonas de sombra, tanto que chega a ser enfadonha sua apreciação.

Talvez a direção “afetada” por Hollywood, tenha deixado a desejar porque o filme se reteve a mensagem - de que cada dia deveria ser vivido como se fosse um milagre – que queria passar, e não a muitos outros fatores que edificam um filme. 

Mas esta é só uma das inúmeras hipóteses que podem ser levantadas. Ao final do filme as informações – que levariam a uma conclusão - foram acumuladas, mas não ficamos sabendo de tudo, não de um jeito que o filme mereça ser revisto, e sim de um jeito que signifique que houve realmente falhas. E isso é  grave porque afirma realmente que a mise-en-scène foi inconsistente.

* Tatiana Cardoso é jornalista e aluna no curso de análise de filmes.

4 Comentários

Pedro disse...

Tatiana,

É isso também o que achei desse filme: não vai a lugar algum. Bom texto.

Pedro disse...

Tatiana,

É isso também o que achei do filme: não vai a lugar algum. Bom texto!!

Elaine Camargo disse...

Oi Tatiana, eu vi o mesmo que você viu. Realmente o filme não concretiza os conflitos da Veronica e fica no superficialidade.

nubia disse...

ótimo feed back!

beijos

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