sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mordaça, ou, a poesia pura da música popular brasileira



MORDAÇA

Paulo Cesar Pinheiro/Eduardo Gudin


TUDO O QUE MAIS NOS UNIU SEPAROU
TODO O QUE TUDO EXIGIU RENEGOU
DA MESMA FORMA QUE QUIS RECUSOU
O QUE TORNA ESSA LUTA IMPOSSÍVEL E PASSIVA 

O MESMO ALENTO QUE NOS CONDUZIU DEBANDOU
TUDO O QUE TUDO ASSUMIU DESANDOU
TUDO QUE SE CONSTRUIU DESABOU
O QUE FAZ INVENCÍVEL A AÇÃO NEGATIVA

É PROVÁVEL QUE O TEMPO FAÇA A ILUSÃO RECUAR
POIS TUDO É INSTÁVEL E IRREGULAR

E DE REPENTE O FUROR VOLTA
O INTERIOR TODO SE REVOLTA
E FAZ NOSSA FORÇA SE AGIGANTAR


MAS SÓ SE A VIDA FLUIR SEM SE OPOR
MAS SÓ SE O TEMPO SEGUIR SEM SE IMPOR
MAS SÓ SE FOR SEJA LÁ COMO FOR

O IMPORTANTE É QUE A NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA
E A FELICIDADE AMORDACE ESSA DOR SECULAR
POIS TUDO NO FUNDO É TÃO SINGULAR

É RESISTIR AO INEXORÁVEL
O CORAÇÃO FICA INSUPERÁVEL
E PODE EM VIDA IMORTALIZAR

1 Comentário

Maria Euci disse...

Lisandro, essa poesia é bonita. O MPB4 canta essa poesia num disco de 1974. É uma letra contra a ditadura militar. Ela sobreviveu aquele período. Hoje ela é mais do que isso. É universal.

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