quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Fernando Pessoa para um final de semana


XXI

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dia de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e ervas daninhas ...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...

De O Guardador de Rebanhos

9 Comentários

Equilibrista disse...

Querido! Fernando Pessoa me lembrou Geraldo Pessoa....Muitas pessoas.Obrigada por lembrar de mim.

Bjs

Wertem Tawera disse...

A yoga tem um ensinamento que se assemelha muito a o que Pessoa nos traz neste poema, chamado SAMA BHAVA. è o ensinamento do Equilíbrio."Quem faz da equanimidade sua fortaleza interna é inexpugnável." Dizem algusn que Fernando pessoa era iniciado, e que praticava Yoga. De qualquer forma, a poesia é bela, o equilíbrio e a serenidade também.

Anônimo disse...

Faço uma reivindicação:um texto que lembre o início da primavera!

Profirio disse...

Meu amigo, quando abri esta página para registrar a minha alegria de ser lembrado para compartilhar com vc este poema...
Fiquei sem palavras.

Lisandro Nogueira disse...

Ana,
Também lembrei do Pessoa q. pensei no poema do pessoa. Vou falar com a pessoa.
Um beijo saudoso.

Lisandro Nogueira disse...

Werten:
Não sabia que gostavas do Pessoa (eu gosto muito dele e do amigão Geraldo Pessoa - meu irmão desde 1977)e a Yoga. Nas aulas sempre reparei em você a calma e a vontade de querer saber mais. Dê um abraço na Mariana. Logo teremos um poema sobre a primavera. Hoje, na TV, com tanta notícia triste, eu lembrei de uma música: "Vê, estão voltando as flores, vê, como é feliz a vida". A vida é triste, mas é bela.

Unknown disse...

Durante uma viagem inesquecível a Salvador, no fim de agosto, li quase metade de "O guardador de rebanhos". O bucolismo faz bem para a alma...Assim como a naturalidade do ateísmo, sempre atrelado à nada contraditória vontade de personificar a representação "concreta" - iconoclasta - do cristianismo(lindo o poema que conta o verdadeiro cotidiano do menino Jesus!).

Luana Luterman.

Unknown disse...

Por que continuo sendo Marcello? Não entendo...Hahahaha!!!

Lisandro Nogueira disse...

Luana,
aparece com o nome de Marcelo.
ps~o poema é realmente belo.

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