quarta-feira, 15 de julho de 2009

O que chama a atenção no filme?


Crimes e Pecados, a análise dos alunos


Lisandro Nogueira


Estou corrigindo os textos dos alunos. São análises de filmes. Chamou-me a atenção um detalhe na análise do filme "Crimes e pecados" (1989), de Woody Allen: boa parte dos alunos recortou um trecho no qual aparece um intelectual judeu, professor Levy (Bill Bernstein).

Ler artigos de vários alunos sobre o mesmo filme é um aprendizado e tanto para um professor de cinema. Obviamente que cada um tem a sua interpretação. Todavia, a fala do professor Levy aparece em várias textos e baliza os comentários e as análises. Quais os motivos para chamar tanto a atenção? Por quê alguns a observam (a fala) e fazem comentários "fora do filme"?

São os meandros da interpretação. Penso que a fala dele ecoa de forma intensa tendo em vista a riqueza dos conteúdos discutidos pelos personagens. Imersos em culpas extraordinárias e obrigados a realizarem escolhas determinantes, os personagens ampliam os pensamentos reluzentes do prof. Levy.

Leiam abaixo o trecho do prof. Levy e vejam o filme.



"Durante toda a nossa vida, enfrentamos decisões penosas...escolhas morais. Algumas delas têm grande peso. A maioria não tem tanto valor assim. Mas definimos a nós mesmos pelas escolhas que fizemos. Na verdade, somos feitos da soma total das nossas escolhas.

Tudo se dá de maneira tão imprevisível, tão injusta, que a felicidade humana não parece ter sido incluída no projeto da Criação.

Somos nós, com nossa capacidade de amar, que atribuímos um sentido a um universo indiferente. Assim mesmo, a maioria dos seres humanos parece ter a habilidade de continuar lutando e até de encontrar prazer nas coisas simples como sua família, seu trabalho, e na esperança que as futuras gerações alcancem uma compreensão maior"

3 Comentários

Caroline disse...

Professor,
me surpreendi ao saber que a maioria dos alunos escolheu focar a análise no prof. Levy. Eu me incluo neste grupo.
Fiquei então pensando a razão disto, não encontrei resposta, mas sei que quando o rosto de Levy toma conta da tela de Crimes e Pecados, ficamos cativados por aquela imagem aparentemente frágil.
Quando aquele velho senhor nos enfrenta com firmeza nas afirmações, questionando o inquestionável ficamos tão fragilizados quanto a sua imagem. E é através deste artificio que Woody Allen conseguiu 'pegar' o expectador, tocar na ferida e prende-lo a reflexão.
Nas vezes que vi o filme e até agora, quando reli suas falas, me senti um pouco 'agredida', e é exatamente isto que fascina.
Eu não sei responder o 'por que, mas como o senhor sempre diz, fazer análise de um filme é falar de si mesmo. Acho que agora não resta dúvidas disto para ninguém.

Minha tendência melodramática me leva a pensar ( e puxo o diálogo para isso) que estar 'imersos em culpa' é algo que parece atingir a todos indistintamente, em maior ou menor grau. Cristãos ou não. Por isto a personagem toca e nos leva a falar de nós mesmo, porque trata deste tema universal de uma maneira que nunca vimos antes.
Vai ser dificil esquecer o prof. Levy...
(Caroline)

Maria Euci disse...

Prof. Lisandro,

Esse filme me marcou profundamente pela perguntas que faz sobre a "culpa". Um dos melhores filmes de Woody Allen.

Candido Cesar disse...

Lisandro, ouvi dizer que o professor Levy não suicidou na vida real. Ele caiu da escada e morreu. No filme o cineasta usou da livre expressão e informa que ele suicidou-se. Os judeus são raça forte, contraditória e de rara inteligência e sensibilidade.

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