A magia a serviço do bem

ALGO EM COMUM


Lisandro Nogueira

O filme Harry Potter, que estréia hoje, não tem nada a ver com o Vila Nova, que joga também hoje com o Vasco da Gama, no Serra Dourada.

Mas são eles meus dois primeiros programas de férias: às 20:30, verei o Vila Nova – oxalá! – golear o Vasco; em seguida, vou com minha filha Luísa, 13 anos, buscar quatro amigas dela para assistirmos ao filme do Bruxo inglês. Será um prazer ver um filme desses com cinco adolescentes e depois tomar uma sopa quente no Frans café, ouvindo o que elas têm a comentar sobre o bruxinho e seus embates.

Pensando bem, há, sim, uma coisa em comum entre Potter e o Vila Nova: a capacidade para suportar lutas escorchantes e reverter as situações adversas. O bruxo enfrenta Valdemort, tira lições e segue em frente. Acontece o mesmo com o Vila Nova: vive a enfrentar valdemorts.

Em 2006, caiu para a série C; no outro ano, superou-se e conseguiu voltar à série B. Sem surpresas, porque vinha embalado, em 2008, quase chega à série A. Só não estamos jogando hoje contra o Flamengo, o Grêmio, o São Paulo ou que tais porque o Túlio não soube cobrar um pênalti.

Este ano, Valdemort está dando as cartas e o Vila Nova vive entre os demônios. Porém, como alento ou um vislumbre de dias melhores, minha filha me disse que hoje será a retomada do time, juntamente com a estreia do Harry Potter novo.

O mais provável é que viveremos emoções.

O filme, comento depois, aqui no blog.

* Recebi a mensagem do Jefferson. Publico aqui pela intensidade e beleza das palavras:

Convenhamos, torcer para o Vila não é tarefa para qualquer um, absolutamente. Confesso que tenho certa inveja desses homens de boa fé que se dizem, cheios de orgulho, sou Vila Nova. Inveja ou raiva, depende da intensidade da fé. Por isso os respeito. Por isso não saio curtindo com ninguém porque o time não conseguiu vencer um jogo em pleno Serra tendo um homem a mais desde o início da partida. Não faço isso. Antes, procuro o silêncio que sempre habita entre mim e estes homens, porque sei que, bastará o Vila vencer sei lá o Tabajara amanhã, e verei novamente o brilho de esperança nos olhos deles.

É... para ser Vila Nova, é preciso uma certa crença cega nas coisas boas da vida, uma consciência convicta da importância de continuar a luta, mesmo que tudo se revele obstáculos intransponíveis. Ser torcedor vilanovence, como ser brasileiro, é ter a virtude de acreditar sempre que no próximo jogo as coisas serão diferentes, que no ano que vem a gente sobe, nem que seja para a segunda divisão de novo. Que num governo futuro, não haverá juros, nem corrupção, nem promessas de futuros melhores.

Torcer para o vila é um exercío perene de paciência e sabedoria. Mas ainda que bem que sou ignorante... e torço-sofro apenas para o flamengo.(Jefferson).