A Copa não é tudo
A avaliação de uma seleção não pode ser apenas pela vitória ou pela derrota em uma Copa |
APESAR DA importância de uma Copa do Mundo para o futebol, para os jogadores e para as seleções, não é de bom senso definir conceitos e projetar o futuro por causa de um torneio de apenas sete jogos, sendo quatro mata-matas.
Como disse Paulo Calçade, a melhor seleção é a que foi melhor neste mês. Se fizerem outra Copa um mês depois, os resultados serão diferentes.
O tempo é sábio. Muitas coisas acontecem no Mundial, que têm grandes destaques, e são esquecidas.
Outras, que não foram ressaltadas, serão lembradas. Na avaliação da carreira de um jogador, deveria se dar muito mais importância à média de suas atuações no clube do que à sua atuação em uma Copa do Mundo, tão curta. Zico não brilhou intensamente em uma Copa. "Azar da Copa", já disse Fernando Calazans.
A avaliação de uma seleção não pode ser somente pela vitória ou pela derrota. Algumas seleções que perderam, como a Hungria de 1954, a Holanda de 1974 e o Brasil de 1982, continuam sendo lembradas como grandes seleções da história. Obviamente, não é o caso da atual seleção brasileira.
Messi não deixou de ser o melhor jogador do mundo porque a Argentina foi eliminada pela Alemanha e porque ele não fez um único gol na Copa.
As virtudes do Brasil, bastante conhecidas antes da Copa, como o excelente contra-ataque, as jogadas aéreas e a grande qualidade do goleiro e dos zagueiros, não acabaram por causa de uma eliminação na Copa.
As partidas não são decididas somente pela técnica e pela tática. Tino Marcos, brilhante repórter da TV Globo, estava no gramado no jogo do Brasil contra a Holanda e me disse que achou que os jogadores brasileiros estavam mais relaxados que o habitual, antes da partida.
O Brasil sofreu dois gols porque se desconcentrou, por erros técnicos ou porque entrou em campo o imponderável, que não avisa quando ou onde vai acontecer e não há como evitá-lo? Ou seria tudo isso? Nunca teremos a exata explicação.
A Copa do Mundo se tornou um grande negócio para a Fifa, para os patrocinadores e para investidores. Para o torcedor brasileiro, além da emoção e do prazer de assistir a um Mundial, é uma catarse dos impulsos reprimidos e uma exacerbação de sentimentos ufanistas e nacionalistas. Está certo o Brasil parar por causa de uma disputa esportiva, como se fosse uma luta pela soberania nacional?
* Tostão foi jogador do Cruzeiro. Um dos mais importantes atacantes da seleção em todos os tempos. Campeão com a seleção de 1970. ps- eu sonhei em jogar como ele. Mas só consegui fazer dois gols em toda a minha carreira no futebol.
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